Canela,

23 de abril de 2024

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Afinal, por que o trem não anda?

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A reportagem da Folha de Canela teve acesso, com exclusividade, à apresentação do projeto arquitetônico vencedor da licitação para revitalização da estação de trem no centro da cidade e construção de uma rua coberta em parte da Ernesto Urbani.

O projeto de lei que autoriza a execução do projeto vem causando polêmica na Câmara de Vereadores. A Prefeitura de Canela informou que hoje, 17, à tarde, protocolou os documentos pedidos pelo vereador Vilmar Santos e aguarda parecer da comissão de finanças e orçamento.

O vereador Vilmar Santos, por telefone, procurou nossa reportagem hoje à tarde informando que os documentos enviados pela Prefeitura não atendem o solicitado e, permanecendo assim a situação, o projeto não irá à votação nesta segunda.

O vídeo do projeto e a  matéria completa publicada na Folha de Canela de hoje, 17,  você confere abaixo.

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Por Francisco Rocha

Após mais uma sessão na Câmara de Vereadores, na noite da última segunda, 14, em que não foi votado o projeto de lei que vai viabilizar a construção de uma rua coberta no espaço atrás da antiga estação de trem, a reportagem da Folha traz uma panorama deste projeto, que, para a Prefeitura, irá transformar definitivamente o centro de Canela, e que para alguns vereadores só irá beneficiar a empresa que pretende executar o projeto, pelo menos é o que foi ouvido na sessão de segunda.

Para a Prefeitura
A Prefeitura de Canela recebeu a proposta da construtora Nova Alternativa, que está executando a obra de um novo hotel no terreno onde havia o Brasão Móveis. A empresa pretende reformar e revitalizar a área do Gare (estação férrea) e criar atrativos turísticos junto ao velho trem.
Central de Informações e Secretaria de Turismo continuarão no prédio, após a revitalização. A situação dos artesãos ainda não foi definida, mas uma das alternativas é criar um espaço no Parque do Caracol para a Casa do Artesão.
Além do prédio do trem, a construtora propôs revitalizar a Rua Ernesto Urbani, naquele trecho em que ela fica sem saída, entre a Estação Rodoviária e os fundos do trem. O local, a exemplo do que acontece em Gramado e Nova Petrópolis, poderia ter restaurantes, lojas, cafés, criando um novo espaço turístico no centro da cidade, em uma rua coberta.
O projeto vai custar R$ 10 milhões, bancados pela Nova Alternativa, sem nenhum investimento da Prefeitura de Canela. Em troca, a construtora poderá explorar comercialmente as áreas do trem e da nova rua coberta por 20 anos. Após este prazo, os imóveis, com todas as benfeitorias, voltam para a Prefeitura.
Pessoas ligadas à Prefeitura afirmam que o projeto está parado na Câmara, em uma nítida tentativa de “trancar a pauta”, inclusive não se respeitando os trâmites previstos no Regimento Interno.

Para a Câmara
Em entrevista por telefone, o vereador Vilmar Santos (PMDB) afirmou que considera o projeto importante para Canela e que o mesmo irá dar nova vida ao centro da cidade, porém, questiona itens do texto que podem prejudicar o município, os moradores da Rua Ernesto Urbani e a própria empresa investidora.
“A Prefeitura tentou ludibriar os vereadores, dizendo que foi a empresa que apresentou projeto para a rua coberta, quando foi a própria Prefeitura que ofereceu o espaço’”.
Para Vilmar, do jeito que está, “o projeto não vai ser votado na próxima segunda. Não estamos trancando a pauta, apenas queremos analisar detalhadamente o projeto para que depois não aconteçam medidas judiciais”.
São vários os pontos questionados por Vilmar, mas em uma coisa ele concorda com a Prefeitura: falta união e harmonia entre Administração e Câmara para resolver rapidamente projetos de interesse da comunidade.

Quem perde?
Com a demora na definição e aprovação do projeto de lei perdem todos. Canela se encaminha para mais um período de alta turística, a Páscoa, com um espaço público decadente e deprimente, na área mais nobre da cidade.

Janelas fechadas para um novo panorama

Parece que um impasse neste momento traz a tona uma velha discussão: por qual motivo as coisas não acontecem em Canela?
Vale lembrar que a própria estação férrea já esteve cedida para a iniciativa privada por 10 anos. Se não foi o melhor negócio do mundo, ao menos o prédio e o trem recebiam manutenção e havia utilização do prédio hoje abandonado.

Outros dados:

trem-6
O lixão mais caro do Estado

Além da precariedade do prédio, o terreno ao entorno da estação férrea tem sido usado como depósito de lixo e resto de podas. Aqui, o metro quadrado do terreno, se estivesse a venda, custaria algo em torno de R$ 3.500,00.
É ou não é o depósito de lixo mais caro do Estado?

Acesso aos moradores

Pivô da polêmica, trecho da Rua Ernesto Urbani, que, se revitalizada, criaria uma ligação qualificada entre a Estação Rodoviária e o centro da cidade.
Vereadores querem garantir no projeto de lei um artigo que trata do acesso aos moradores.
Prefeitura diz que esta é questão óbvia e que tal garantia deve ser apresentada no projeto arquitetônico, após a aprovação da lei na Câmara.