Canela,

20 de abril de 2024

Anuncie

Corpo clínico do hospital ameaça se desligar caso salários atrasados não sejam pagos

Compartilhe:

A situação do Hospital de Caridade de Canela chegou ao extremo. Segundo médicos que conversaram com a reportagem do Jornal de Canela, se os salários de dezembro, fevereiro e metade de janeiro não foram pagos, eles irão se desligar do hospital entre 27 e 29 deste mês.

A saída do corpo clínico não vai fechar as portas do HCC, mas procedimentos cirúrgicos, cesarianas ou casos de emergências que precisem de um especialista ou cirurgião não terão profissionais para atendimento. Continuarão sendo prestados atendimentos e consultas ambulatoriais. Não seria um fechar de portas, mas reduziria o HCC a um posto de saúde.

Uma reunião entre uma comissão dos médicos e conselho do HCC com o prefeito Cléo Port está agendada para amanhã, 23. Neste encontro, os representantes do corpo clínico pretendem obter uma posição da Prefeitura.

Desfiliações e incertezas

Um recente racha entre o presidente do Hospital, Jerônimo Terra Rolim, e a Prefeitura pode agravar o quadro do HCC. Na última semana, Rolim, que pertence aos quadros do PP e ocupa cargo comissionado na procuradoria geral do município, entregou um pedido de desfiliação partidária.

Outro progressista, Victor Berti Spier, que também atua junto ao Hospital, pediu a saída do partido essa semana. Fontes ligadas à Prefeitura acreditam que a exoneração de Rolim por parte de Cléo aconteça até a Páscoa.

Sobreaviso é um dos desacertos

Sobreaviso é o termo usado para os médicos que ficam de plantão, aguardando serem chamados em caso de atendimento, o que se aplica a anestesistas, cirurgiões e obstetras. Segundo Rolim, os médicos admitem negociar estes valores, um dos profissionais que integram a equipe de sobreaviso afirma que não.

Atualmente, cerca de 20 médicos integram o sobreaviso. O valor total mensal desembolsado pelo hospital é de R$ 121 mil. Apenas um dos médicos recebe R$ 27 mil pelo plantão.

Um membro do conselho do Hospital admite que este é um valor compatível com o praticado pelo mercado e a acredita que a substituição do atual corpo clínico não vai acarretar em redução considerável de valores, mas pode, por outro lado, reduzir a qualidade do atendimento.

Prefeito dialoga com representantes do hospital  

Na tarde desta quarta-feira, 23, o Prefeito Cléo Port, juntamente com o Secretário de Saúde, Luciano Perottoni e o Procurador Geral do Município, Gustavo Bauermman, recebeu representantes da Diretoria, Conselho Fiscal, corpo clínico, funcionários e representantes da ABASC que relataram as dificuldades financeiras do Hospital de Canela, dentre elas, o atraso nos honorários dos médicos.

O corpo clínico esteve representado pelos médicos, Keli Both dos Santos, Ricardo Andrade e Marcelo Soprano, os quais expuseram que o interesse não é deixar a entidade, mas que para continuar o trabalho necessitam de garantias, bem como citaram o envio de correspondência à diretoria do hospital, concedendo prazo de trinta dias para regularização nos pagamentos sob pena de paralisação.

O prazo vence no final deste mês e de acordo com o posicionamento dos representantes, a paralisação vai acontecer caso não recebam.

Segundo o Departamento de Comunicação da Prefeitura, preocupado com o prejuízo que a paralisação nos atendimentos causaria à comunidade, o Prefeito Cléo Port foi solidário aos direitos da classe médica, mas destacou a importância da capacidade do diálogo, ou seja, só se constrói soluções através do diálogo e para tanto, solicitou aos presentes o prazo de 10 dias para a construção de uma solução em conjunto com os Secretários Municipais.

A análise do prazo solicitado será levada pelos representantes aos demais componentes do corpo clínico que deve se manifestar nos próximos dias.

Visando a construção de soluções o Prefeito indagou a classe médica acerca da possibilidade da formação de uma Cooperativa dos médicos para assumir o hospital, alternativa prontamente descartada pela classe.

Durante esta semana o Prefeito Cléo Port tem efetuado contatos e reuniões com entidades na busca de construir uma solução definitiva em prol da comunidade, o que deverá se estender no prazo solicitado.

Foto: Tarcísio Roddrigues