Canela,

16 de abril de 2024

Anuncie

Denúncias mostram aumento da prostituição em Canela em diversos bairros

Compartilhe:

Polícia Civil vai investigar exploração sexual e crimes cometidos nos locais de prostituição

Desde o mês de junho deste ano, a reportagem da Folha de Canela vem investigando denúncias de prostituição em Canela, dentro da série “A Violência nossa de cada dia”.

As suspeitas dos diversos tipos de prostituição praticadas na cidade chegaram à redação através de informações da comunidade. A mais preocupante delas dá conta que meninas menores de idade vendem o corpo em troca de dinheiro ou de drogas.

Não por coincidência, a Polícia Civil de Canela divulgou nesta semana que está apurando a prática de crimes relacionados prostituição e à exploração sexual em via pública, especialmente no entorno do comércio da Rua João Pessoa.

Estreita relação com as drogas

Na semana passada, a Folha de Canela mostrou que o crime mais praticado na cidade é furto, que tem estreita relação com o tráfico de drogas. Com a prostituição não é diferente.

Em locais mais escuros, à noite, é possível ver duplas ou trios de jovens nas paradas de ônibus em horário que as mesmas não são mais utilizadas por passageiros.

É o caso da Rua 1º de Janeiro, na Santa Marta. Praticamente todas as paradas de ônibus, após as 21h, são utilizadas por jovens, meninos e meninas. Em geral, o que ocorre nestes locais é o consumo de drogas, como o crack, e a venda em pequenas quantias para sustentar o próprio vício.

Mesmo com o belo trabalho ostensivo realizado pela Brigada Militar, nestes casos, se abordados, os jovens não ficariam nem mesmo detidos, em razão das pequenas quantidades de drogas que portam.

Outros, aguardam nestes locais para praticar furtos em residências, também para sustentar o vício em drogas.

Pontos de prostituição

Os programas acontecem nos carros, em via pública ou invadindo propriedades particulares

As denúncias recebidas pela Folha de Canela informam que a prostituição de mulheres, transgêneros e até meninas ocorrem principalmente na Rua João Pessoa, na Av. Cônego João Marchesi, no bairro Canelinha, na Rua Adalberto Wortmann, bairro São Lucas, nas imediações do posto de saúde do bairro Santa Marta e no bairro Carniel, em Gramado.

Foto: Arquivo Folha/Francisco Rocha

Bairro Carniel em Gramado

Desde sempre, o bairro Carniel, na divisa entre Canela e Gramado, é usado como ponto de prostituição. A reportagem da Folha apurou que, na Rua São Marcos, mulheres e transgêneros se prostituem entre 20h e 22h30min. Nas duas vezes em que a reportagem esteve no local, encontrou uma mulher, na casa dos 40 anos, e um transgênero.

Os programas sexuais oferecidos pela dupla podem ser feitos no carro ou em ruas mais afastadas do bairro, variando de R$ 30,00 a R$ 150,00.

Denúncias no Santa Marta e São Lucas

No bairro Santa Marta, as denúncias são sobre a prostituição de meninas, aparentemente menores de idade, nas ruas que circundam o posto de saúde. Os programas seriam oferecidos em dias de semana, entre 19h e 22h, e alguns programas realizados dentro do carro nas imediações.

Já no São Lucas, os programas seriam oferecidos próximo à escadaria, também por meninas menores de idade, usuárias de drogas, conhecidas da comunidade local.

Nos dias em que a reportagem visitou o local, avistou diversas adolescentes nas ruas, mas não pode confirmar se tratava-se de prostituição.

Cônego João Marchesi

Na Av. Cônego João Marchesi, a reportagem da Folha de Canela constatou a ocorrência de prostituição de mulheres, principalmente no trecho entre as ruas Presidente João Goulart e Juscelino Kubitscheck.

Pelo menos duas meninas, aparentemente adolescentes, foram vistas nestas ruas, na parada de ônibus em horários fora do uso para passageiros. Uma delas visivelmente consumia crack no momento da abordagem da reportagem, porém, não foi possível confirmar se tratar de prostituição, pois a adolescente, em função da droga que consumia, não quis conversar naquele momento.

Em outras duas situações, nossa reportagem recebeu denúncias de que uma menina estaria fazendo “ponto”, durante o dia, próximo ao posto de combustível. Na terceira vez que a reportagem averiguou a denúncia, flagrou uma menina abordando um veículo, por volta das 21h de uma terça-feira, na Rua Severino Travi, esquina com a Cônego.

Após, a adolescente entrou no veículo e não foi possível seguir o carro.

Rua João Pessoa

A Folha de Canela já realizou duas reportagens sobre a prostituição de travestis na Rua João Pessoa e arredores. A primeira, em fevereiro de 2013, trouxe o relato de que cada travesti fazia até 10 programas por dia. “Estamos aqui porque existe movimento”, disse uma delas à reportagem.

Um ano depois, em fevereiro de 2014, a reportagem visitou novamente o tema e os mesmos locais.

Em um ano, o número de travestis havia aumentado de quatro para nove. Se para boa parte da comunidade os travestis são invisíveis, existe uma pequena parcela que acha exatamente o contrário e vive em conflito com eles e com seus clientes. São os moradores das ruas onde acontece a prostituição. Mas, numa coisa todos concordam, moradores e travestis, o movimento só aumenta.

No último dia 04, a reportagem da Folha esteve novamente no local. O ponto de prostituição mudou da esquina da João Pessoa com a Felisberto de Moraes para a esquina da José Joaquim Velho com a Mathilde Esteves Velho.

Neste último dia, um novo elemento pode ser verificado. Um homem estava sempre presente no local, observando a movimentação dos travestis e conversando com eles entre um programa e outro.

Ao contrário das duas primeiras reportagens, não foi possível entrevistar os travestis, em razão do grande movimento de carros buscando programa no local.

Em 2013, travestis em ponto de prostituição na João Pessoa

Nem mesmo abaixo de chuva os programas param, nem a nudez. Por volta das 23h, os dois travestis que ofereciam serviços sexuais naquela rua estavam com o corpo despido da cintura para baixo, deixando a mostra prótese de silicone, nas nádegas e seios, e outros elementos da anatomia, para quem passasse por eles.

Foto: Arquivo Folha/Márcia Nega

“Quando reclamamos dessa movimentação, fica parecendo que somos preconceituosos, mas não se trata dos travestis, se fossem mulheres a perturbação seria a mesma”, desabafa um morador do entorno da Rua João Pessoa

Inquérito policial investiga relação da prostituição com crimes

Nesta semana, a Polícia Civil de Canela instaurou inquérito policial para apurar a prática de crimes relacionados à prostituição e à exploração sexual em via pública, especialmente no entorno do comércio da Rua João Pessoa.
No alvo das investigações, há suspeita de que uma mulher canelense seja responsável por agenciar, aliciar, recrutar, alojar a acolher em seu endereço, no bairro Bom Jesus, diversos profissionais do sexo, inclusive transgêneros, que vêm de fora do Estado do Rio Grande do Sul, para fins de exploração sexual.

A investigada ainda é suspeita de manter casa de prostituição e de obter lucro com com a exploração sexual alheia. Ele é apontada pela Polícia Civil de Canela como a principal agenciadora de profissionais da área na cidade, estando construindo, ainda, um hotel ou pousada exclusivamente para esta finalidade.
O Delegado Vladimir Medeiros, titular da Delegacia de Polícia de Canela e responsável pelas investigações, informa que as reclamações da comunidade são frequentes com a atividade de prostituição em via pública no entorno do comércio da Rua João Pessoa, sendo crescente desde o meio do presente ano, com relatos de prática de atos obscenos, como exibir partes íntimas em via pública, fato flagrado pela Folha de Canela, agressões físicas e verbais constantes, brigas e algazarras.

Além disso, existe a realização de programas com clientes em via pública ou em terrenos de particulares, inclusive em residências, pousadas e comércio. A autoridade policial referiu que a atividade, segundo relatos, tem causado constantes transtornos, uma vez que preservativos são arremessados em pátios, lojas e na via pública. A Polícia Civil ainda investiga a ocorrência de outros crimes no local, com furtos, roubos e tráfico de drogas.
A Polícia Civil de Canela solicita à comunidade que auxilie nas investigações, especialmente para relatar casos de exploração sexual, principalmente de adolescentes, sendo garantido o sigilo. Informações podem ser repassadas à Delegacia de Polícia por telefone para (54) 3282-1212 ou pelo Whatsapp (54) 98407.1615.