Canela,

28 de março de 2024

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Multimulheres, Parte 5: Uma cooperativa onde as mulheres comandam e todos têm o mesmo valor

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Todo ano, no dia 08 de março, a imprensa escreve matérias e matérias sobre o Dia Internacional da Mulher. Quase todas caem em um mesmo clichê. As mulheres galgando postos no mercado de trabalho, apesar da qualificação recebem menos que os homens e por aí vai.
Mas, as coisas estão mudando. O empreendedorismo encanta as mulheres brasileiras. De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2015, o público feminino tem uma taxa de empreendedorismo superior aos homens, quando o assunto é novos empreendimentos (negócios com até três anos e meio). A taxa delas é de 15,4% e a deles, 12,6%.

Fotos: Reprodução

A Folha de Canela foi atrás de um exemplo de modelo de negócio administrado por mulheres e onde os homens e mulheres tem a mesma valorização, inclusive no que diz respeito ao valor do salário.
Curioso? Ainda, este negócio é muito diferente, por se tratar de uma cooperativa. É a COOPEC – Cooperativa de Profissionais em Educação de Canela.
Quando se fala na Coopec, vem a escola no pensamento, professores em sala de aula e a qualidade do ensino oferecida pela entidade, mas acima de tudo, a instituição de ensino é um empreendimento, uma cooperativa, onde todos são associados, dividem tarefas e responsabilidades para depois dividir os lucros.
A Coopec surgiu em 2002, quando a rede CNEC – Escolas Cenecistas, comunicou o fechamento do Colégio das Hortênsias. Um grupo de professores se reuniu e decidiu assumir a escola.
Em seu caminho, a cooperativa sempre teve mais mulheres que homens entre os associados. Com o ano letivo de 2003 iniciando sob o comando da Coopec, eram apenas 184 alunos. A turma mais numerosa não passava de 12 alunos.
Em 2004, este número dobrou. A diretora da escola, Jane Pessin Meyer, conta que a maioria das professoras deixou mais da metade de sua indenização recebida pela CNEC na cooperativa, para viabilizar o negócio.
“Era um amor incondicional pela escola, pela educação”, diz Jane. Porém, mais do que manter as portas abertas, aqueles professores iniciavam um empreendimento e a partir daí, as atividades também eram fora da sala de aula.
“Tivemos que aprender a administrar, secretariar, negociar, conduzir obras, reformas e compras”, conta Jane, que destaca esse olhar feminino para o negócio. “Pessoas de outros locais vieram a Canela conhecer nossa cooperativa e uma escola no nordeste foi montada a partir do nosso modelo”.
Esse olhar subjetivo da mulher, segundo a diretora, tornou o ambiente acolhedor. Hoje a escola tem mais de 600 alunos e é reconhecida como uma das melhores instituições de ensino da região, com números que se destacam ao nível nacional.
Atualmente, a cooperativa tem mais de 50 associados, porém, apenas sete homens. Ou seja, a mulherada manda por lá. Os principais cargos são ocupados por professoras. Além da diretora Jane, a presidente da cooperativa é Carlise Brentano Colombo e a tesoureira é Nanci Bohrer.
Os conselhos de administração e fiscal são formados por duas mulheres e um homem cada.
O melhor é que tudo isso não incomoda ninguém, o trabalho é harmonioso entre homens e mulheres e na Coopec não tem distinção de salário. Todos os professores recebem o mesmo valor de hora/aula, seja homem ou mulher, seja ensino fundamental ou educação infantil.
Além dos cargos administrativos, todos os professores e professoras permanecem em sala de aula.
A Coopec é um exemplo de cooperativismo e de igualdade e também um exemplo de empreendedorismo feminino que deu certo.