Canela,

30 de abril de 2024

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Luiz Antônio Alves: OS PRIMEIROS GAÚCHOS

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Os Historiadores e Genealogistas têm buscado encontrar documentos relacionados aos primeiros gaúchos, ou os primeiros habitantes da Província de São Pedro. É um processo semelhante a montagem de um quebra-cabeça, mas que aos poucos alguns nomes e sobrenomes são encontrados.

Nossos ancestrais mais antigos passa pelos estudos de arqueólogos que buscam pistas em civilizações pré-históricas como a Tradição Umbu, Humaitá e Itararé-Taquara. Tenho dois amigos nessa área e seus livros são um tesouro. Trata-se dos doutores Rafael Corteletti e Alberione dos Reis. Com eles conhecemos muitos detalhes dos povos indígenas antigos que povoaram as serras gaúchas e catarinenses. Dos primitivos, os grupos mais conhecidos são os Charruas, Minuanos, Tapes, Caáguas, Coroados, Botocudos, Carijós, Guaicurus, Pampas, Kichuas, Tupis, Guaranis e Kaingangues. Certamente com a evolução tecnológica na área da Genética, em breve poderemos realizar um teste de DNA para ver se algum leitor tem em sua árvore uma parte dessas tribos guerreiras.

Um bom estudo sobre os primeiros gaúchos da América portuguesa foi realizado pelo saudoso João Machado Ferraz na década de 1970 e publicado em 1980. Ele realizou um levantamento completo do primeiro livro de batizados da cidade de Rio Grande que abrange o período de 16-06-1738 a 28-08-1753. A estatística elaborada apurou 977 assentamentos, sendo 519 (53,12%) do sexo masculino e 458 (46,88%) do feminino. Segundo ele “afora as dificuldades de leitura pela destruição de palavras inteiras, luta-se com a imprecisão dos termos usados ou a ausência de maiores informações complementares. Por exemplo: a palavra pardo ora designa o negro, o mulato ou até o próprio índio. Da mesma forma cabra ora se refere a escrava, ora a alforriada ou a mulata”. Eu mesmo encontrei os mesmos problemas em outros livros antigos.

Nesses primeiros registros aparecem como destaque as etnias formadoras da identidade gaúcha: índios, brancos e negros. Os brancos (48,41%) são representados no açorita (do Arquipélago), no fluminense (Rio de Janeiro), no reinol (de Portugal continentino), no paulista, no egresso da Colônia do Sacramento, no lagunense, pernambucano e no baiano. Os estrangeiros fazem parte deste caldo, como o inglês, o francês e o espanhol. Foram encontrados registros de 84 índios tapes, 72 minuanos, 1 charrua e os restantes diziam simplesmente: índio, índio de Laguna, índio de São Paulo, índio das Missões, etc. A miscigenação do branco com índio está registrada 31 vezes e há 27 casos de filiação de índia e pai incógnito. Encontrados batismos de 58 crianças filhas de pais negros, escravos ou forros e 101 tinham mãe negra e pai incógnito, e 41 eram o cruzamento de negro com branco.

A primeira criança batizada aqui foi Albano, a 16-06-1738, filho de Antônio Coelho e Maria do Rosário. Resumidamente, eis uma peça do quebra-cabeça genealógico.

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