Canela,

3 de maio de 2024

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Luiz Antônio Alves: LER OU NÃO LER, EIS A QUESTÃO

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O segundo semestre do ano é contemplado pelas Feiras do Livro. É um acontecimento que deveria ocorrer em todas as cidades. No entanto, apenas 5% dos municípios brasileiros celebram o momento da criação e da inspiração de milhares de aventureiros no planeta das letras.
A última pesquisa sobre a questão relacionada a leitura é de 2015, feita pelo IBOPE sob encomenda do Instituto Pró-livro. A amostragem indica que 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro. Apenas 2,88% leem por vontade própria.
Existem vários fatores que revelam esse retrato fatal para uma nação que busca Ordem e Progresso, como pinta nossa bandeira. O analfabetismo é ainda o nó górdio, com 12 milhões de pessoas longe da instrução básica e da escola. Para quem conseguiu reunir as letras do ABC, soletrar, ter escolaridade fundamental ou até mesmo nível superior falta o costume em ler. Além disto, a desigualdade social, a falta de estrutura familiar e educacional embaladas pelo consumismo sem critérios lógicos afetam todo o conjunto.
A lista do desinteresse e de causas pela não-leitura é grande. Aponto duas que são pouco percebidas entre pessoas que pensam sobre o assunto. O primeiro é que existe a lenda de que hoje o livro é dispensável porque “está tudo na internet”. Não é verdade. É um fakenews. Quanto mais alto o nível de Conhecimento, mais necessária a leitura com padrões de organização e sistematização de atividades indispensáveis para interpretar devidamente textos técnicos, científicos e complexos. A Biblioteca Nacional, por exemplo, disponibiliza seu acervo digital de 1.870.000 documentos que são de domínio público e representa apena s 15% de tudo que existe lá depositado. Em outros países a digitalização em bibliotecas, centros de pesquisa e universidades já passa de 50%, mas nem tudo está disponível. Teses de doutorado são as mais difíceis de encontrar no mundo virtual e sua publicação em livros é obrigatória e depois de 10 ou 15 anos é que poderão ser digitalizadas.
Outro ponto interessante é de que existe um modelo de repercussão de livros através da literatura tradicional: romance, poesia, crônicas, autoajuda e livros infantis. No entanto, embora as pesquisas não mostrem isto, a leitura também caminha em livros com os mais variados assuntos. Portanto, livros técnico-profissionais e didáticos estão ao alcance deste conceito, e gosto de sugerir obras de genealogia, história e cultura em geral. Alguns nichos de mercado estão presentes e não aparecem nas estatísticas, como os livros de genealogia! Esta área que atinge pesquisadores e leitores específicos vem crescendo em quantidade e qualidade. Os professores devem ficar atentos também na indicação de bibliografias e listas para compra de livros nas feiras e livrarias. Os que amam a leitura sabem que o livro de papel ainda é indispensável!

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