Com 58 anos de profissão, viu a sociedade se transformar e diversos tabus caírem
Diva dos Santos Conrad tem 77 anos, iniciou suas atividades como professora em 1961 e segue lecionando na Coopec, escola que está desde a sua formação, 2003.
A professora, que foi casada por 28 anos, teve cinco filhos e sete netos, lembra muito uma avó normal, mas, além do fato de continuar na ativa com esta idade, impressiona por vivido muitas fases da emancipação das mulheres e sua opinião sobre a sociedade.
“Vim morar em Canela em 2000, mas iniciei minha carreira no magistério em 1961, em Porto Alegre. Naquele tempo, as meninas eram incentivadas a ser donas de casa, ou então eram encaminhadas ao magistério e enfermagem, consideradas profissões femininas”.
“Dois extremos”, este contraponto é como a professora define a comparação do momento atual com a década de 1960. “Vivíamos uma época de castração absoluta nas escolhas das mulheres, desde a profissão as escolhas pessoais”, explica.
As conquistas e aberturas foram vindo com o tempo. “Hoje, a mulher está no espaço que lhe é de direito. Não é o gênero que vai determinar sua competência”.
“É muito bom saber que já não existe esta diminuição da mulher”, diz a professora “Estes tabus caíram”.
Em sala de aula, já trabalhou a disciplina de sociologia com os alunos, onde, segundo ela, sempre acontece uma troca de experiências e conhecimento. “O momento é outro, antigamente, o professor ficava em um tablado, alto, deixando claro seu distanciamento dos alunos. Hoje, temos a aproximação, é neste contexto que me aproximo dos alunos e tento colaborar não apenas com as disciplinas, mas também com suas visões de mundo”.
Para a professora, apesar de todos os avanços nas questões dos direitos, vivemos um tempo de novos desafios, com a mudança da estrutura familiar. “Os pais comentam que perderam o controle e isso me choca um pouco. O ser humano procria, provê, mas na hora de educar e preservar o equilíbrio emocional as famílias falham”.
Diva entende que os pais atuais são produtos de uma geração que vem dessa constante abertura e conquistas de direitos. Hoje, são responsáveis por educar e formar o caráter dos filhos. “Essa mudança é recente e ainda não sabemos o resultado disto tudo. Muitas coisas foram conquistadas, mas, infelizmente, outras questões foram banalizadas”, encerra, se referindo aos novos desafios, não apenas da mulher moderna, mas de todos nós.
Amor pela educação
Diva não pretende parar de trabalhar. Iniciou provisoriamente na Coopec e lá permanece. “Amo o que faço e me apaixonei por esta escola, pelos alunos, pelos colegas”, afirma.
“Mesmo sendo de outra geração, eu noto que me integro e permaneço e acredito que esta é a grande conquista. A Coopec é uma fonte permanente de carinho da qual eu me abasteço”.
