Canela,

19 de abril de 2024

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De Prosa e Verso: Índios Cavaleiros Parte II

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As mudanças ocasionadas pelo processo de colonização modificaram e transformaram as vidas dos povos nativos que aqui viviam. Cabe lembrar que este encontro entre mundos proporcionou trocas culturais. Tanto europeus como os nativos americanos haviam acumulado conhecimentos ao longo de suas histórias. Sabemos que em muitos momentos o colonizador não respeitou a cultura local, nem tampouco a religião dos nativos, os quais os europeus consideravam pagãos.

Neste aparte sobre os índios cavaleiros, descrevemos algumas destas trocas culturais e as transformações dos meios sociais destacando alguns elementos específicos como a indumentária e o uso dos cavalos até então desconhecidos dos ameríndios. O Dr. José Saldanha engenheiro e topógrafo integrava a comissão de demarcação do tratado de Santo Idelfonso para o estabelecimento das novas fronteiras sulistas hispano-lusitanas. Em 1786, em suas anotações, ele utiliza por primeira a palavra “gauche”, que de origem espanhola, designava “os vagabundos do campo”. Também faz uma descrição dos índios minuanos:

“Eles aparecem cobertos pelas costas até os calcanhares com os caiapis, ou grandes mantas de couro descarnado e sovado, com o pelo para o corpo e o carnal para a parte de fora, atados com uma tira do mesmo couro por cima dos ombros e por diante do pescoço; e envolvidos desde a cintura até o joelho com volta e meia de pano de algodão”.

Essa volta e meia de pano de algodão, como uma espécie de saiote desde a cintura até o joelho, era chamada de chiripa. Como bem descreve José de Saldanha, o chiripa era uma saia, e não uma fralda se enrolando por entre as coxas dos cavaleiros.“Eles fazem os  caiapis de peles de veado ou de vitelas, sovadas e descarnadas e cozidas umas às outras, ou de couro de alguma vaca nova. Pintam o caiapi pela parte exterior, que é a do carnal, com umas listas ao comprido, atravessadas de encarnado e cinzento. Aquela cor tiram da terra de ocra de ferro, que se encontra em abundância nos regatos dos galhos do Rio Cacequi; e a cinzenta do lodo ou pântano que, em algumas sangas, depõem as águas.

Para encerrar nosso semanário, deixo registrado uma data muito importante para a música gaúcha: Nascido em 12 de março de 1945 em São Francisco de Paula, Albino Batista Manique é sem dúvida uma das maiores referências do acordeon brasileiro. Reverenciado e admirado por inúmeros artistas e acordeonistas, Albino imprimiu um jeito inovador de profundo virtuosismo na execução do instrumento. Mestre em “brincar” com baixaria é uma referência para todos os gaiteiros e jovens talentos do instrumento no estado, Sem dúvida as músicas deste taura são as mais executadas em concursos de gaita. Parabéns e vida longa, mestre Albino Manique!