A descoberta de um cachorro baleado na cabeça, na Vila Miná, traz a tona a possibilidade de que os criminosos que cometeram duplo homicídio em Canela, na madrugada de hoje (29), tinham mais de um endereço para visitar.
O cão, cruzado com pastor alemão, foi socorrido pela Ong Amigo Bicho, por volta do meio-dia de hoje e levado à Clínica Veterinária Saúde Animal, em Gramado, baleado na cabeça. No local, a Polícia encontrou marcas de tiros. A suspeita é de que o animal foi encontrado 10 horas após levar o tiro.
A Polícia Civil investiga os fatos que podem estar relacionados, supondo que os criminosos estiveram na Vila Miná um pouco antes, ou um pouco depois, de irem à Rua Gabriel de Souza, porém, os moradores haviam fugido, deixando apenas os animais na residência.
Foto: Reprodução
Vítimas tinham envolvimento com atividades criminosas
Os moradores da Rua Gabriel de Souza, no Bairro São Rafael, não tiveram a mesma sorte. Os três homens, encapuzados, invadiram a casa de João Paulo dos Reis Pereira, 37 anos, e o alvejaram com cerca de 20 disparos no rosto, tórax e braços, provavelmente de pistola calibre 9mm. Na casa, também estavam a companheira da vítima e um filho pequeno. Ela relatou à Brigada Militar que se jogou sobre a criança para evitar que ele fosse atingido. João Paulo morreu no local.
Ao sair da casa, os atiradores encontraram Valdomiro da Silva, 48 anos. Ele foi atingido com um tiro no rosto e morreu a menos de um metro do portão de entrada do terreno. Mirão, como era conhecido, morava na segunda das cinco casas do terreno. João Paulo morava na quarta casa. A Polícia não sabe o que Mirão fazia naquela hora, 03h30min, mas não descarta que ele não era alvo, apenas morreu porque cruzou o caminho dos criminosos.
Os dois homens mortos tinham antecedentes criminais e envolvimento com o tráfico. A Delegacia de Polícia de Canela investiga as mortes, que completam três homicídios neste ano em Canela.
Guerra de facções
A morte de João Paulo faz parte de uma rotina que domina o Estado do Rio Grande do Sul, a guerra entre as facções “Os Manos” e “Os Bala na Cara”, pelo comando do tráfico de drogas. Ambas correntes criminosas já tentaram por diversas vezes se instalar de forma definitiva na Região das Hortênsias, sempre tendo seus planos frustrados pelas forças de segurança, porém, contam com soldados e empregados que já são moradores de Canela e Gramado.
João Paulo pertenceria a uma facção e teria uma dívida com os rivais, além da disputa do território para a venda de entorpecentes, uma vez que a casa de João Paulo era ponto de venda de drogas.
Fotos: Francisco Rocha
