Canela,

8 de maio de 2024

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Prefeitura prorroga intervenção no Hospital de Canela e presta conta dos seis primeiros meses

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Equipe da Intervenção do HCC Foto: Eduardo IDalino

A Prefeitura de Canela reuniu a imprensa, na tarde desta terça (6), para anunciar que a Intervenção Municipal no Hospital de Caridade de Canela foi prorrogada por mais seis meses, ou enquanto houver necessidade, bem como prestar contas dos seis primeiros meses que a Administração Municipal esteve a frente da casa de saúde.

O secretário Municipal de Saúde e também interventor do HCC, Vilmar da Silva Santos, abriu a coletiva, explicando os motivos da intervenção e também da prorrogação do decreto.

Vilmar agradeceu as doações que a comunidade segue enviando ao hospital, essenciais para o funcionamento da entidade e enfatizou que a intervenção tem se focado em fazer uma gestão profissional.

Vilmar Santos – Secretário Municipal da Saúde
Foto: Eduardo Idalino

“Eu sou interventor, mas a Prefeitura de Canela não possui em seu quadro um profissional com a capacidade de administração hospitalar, algo muito complexo e particular”, disse Santos. “Por este motivo, contratamos um instituto para esta tarefa”.

O secretário fez menção à situação da entidade antes da intervenção, considerada uma atitude extrema para salvar a casa de um evidente colapso devido às dívidas com fornecedores e encargos. “O momento requer uma gestão profissionalizada, vamos seguir rigorosamente aquilo que a gestão pública e seus princípios exigem, sem lugar para favorezinhos”, disse ele.

Em seguida, a advogada Adriana Seibel, integrante da empresa responsável pela gestão hospitalar do HCC revelou dados pontuais. Segundo ela, os seis primeiros meses de intervenção tiveram como um dos objetivos identificar dados sobre dívidas, custos e pagamentos. Por outro lado, os aportes mensais do poder público impediram o aumento do déficit financeiro e proporcionaram a quitação de débitos trabalhistas dos funcionários e dos honorários dos médicos.

Mesmo com a dívida estancada com os recursos do Município, o Hospital de Caridade mantém pendentes débitos como do FGTS (mais de R$ 2 milhões), sem contar as 16 execuções fiscais da Receita Federal. Por causa de valores como esses, a dívida atual do HCC está estimada em aproximadamente R$ 25 milhões.

A expressiva cifra e o fato de a comunidade contar com o Hospital de Caridade de Canela fizeram a Prefeitura prorrogar a intervenção que completará um ano em 2020. “Nós sabemos da gravidade da situação, mas a comunidade tem que continuar ajudando e mudar alguns costumes da nossa cultura, que é procurar o hospital quando o problema pode ser resolvido na unidade de saúde. Só isso desafogaria o hospital e agilizaria o atendimento”, exemplifica o secretário de Saúde Vilmar Santos.

Os desafios ainda são enormes para tirar a entidade do déficit, porém há boas notícias. De acordo com Vilmar Santos, a situação da entidade fez com que fossem barradas várias emendas parlamentares. Entretanto, elas começaram a ser direcionadas para o Fundo Municipal de Saúde; ou seja, entram para a Prefeitura, que repassa para o Hospital de Caridade.

Atualmente, o custo de manutenção do HCC é de mais de R$ 1,4 milhões por mês, que vem sendo honrados com o aporte de cerca de R$ 300 mil pela Prefeitura, valor que representa, em média, o deficit financeiro mensal da entidade.

Atendimento no plantão

Uma das principais reclamações da comunidade é tempo de espera para atendimento no plantão do hospital. Segundo a intervenção, 73% dos atendimentos realizados não são de urgência ou emergência, ou seja, atendimentos que poderiam ser realizado em um posto de saúde, ou, pelo protocolo, poderiam aguardar mais de duas horas para atendimento.

De maio a outubro, foram realizados 21.054 atendimentos no plantão, destes, 96 foram de emergência, 421 de muita urgência e 5.234 de urgência. 11.551 foram classificados como pouco urgentes e 3.752 como não urgentes.

À reportagem da Folha, Vilmar Santos disse que o ideal seria uma unidade de saúde com horário de atendimento estendido, para absorver estes casos pouco urgentes ou sem urgência que chegam ao plantão do hospital, que somam 73% dos casos, mas que a grande quantia de recursos que vem sendo aportada ao HCC impendem um investimento destes por parte da Secretaria Municipal de Saúde.

“O que vem sendo estudado e que pode acontecer é a ampliação do horário de atendimento do Centro Materno Infantil, pois reconhecemos a necessidade de um atendimento de especialidade pediátrica no plantão”, disse Vilmar.

Instituto segue com contrato reduzido

Outro dado divulgado na coletiva é que o contrato com o Instituto que realiza a administração do HCC foi renovado, mas com número de profissionais reduzidos, já que Vilmar entende que a primeira etapa de diagnóstico da entidade foi superada.