Na última terça (5), a Prefeitura de Canela reuniu a imprensa para anunciar a prorrogação da intervenção municipal e dar números dos primeiros seis meses em que esteve à frente da casa de saúde.
Pessoalmente, sai de lá com duas convicções. Primeiro, que a intervenção vem fazendo um trabalho melhor do que eu imaginava e segundo, que os números são mais preocupantes do que a maioria acredita.
Na primeira parte, o secretário da Saúde e interventor do HCC, Vilmar Santos, fez uma defesa política do trabalho no HCC, o que é o seu papel, afinal, é um agente político. Mas em uma coisa, eu concordo com o Vilmar, sem a Prefeitura o Hospital já teria fechado as portas.
Mas, não podemos confundir a intervenção como ajuda da Prefeitura, como auxílio. É obrigação do Município fazer este papel, como ele próprio disse, diante de um quadro de colapso do atendimento hospitalar na cidade. Ruim com o HCC, pior sem ele.
Na segunda parte, a Dra. Adriana Seibel trouxe uma explicação mais técnica. Ela que é do Instituto contratado pela Prefeitura para fazer a administração hospitalar.
Pelos números passados, ficou fácil constatar que mês a mês, o HCC tem um prejuízo de R$ 300 mil para se manter funcionando com as mínimas condições.
Este número, R$ 300 mil, não é novo, há, pelo menos, seis ou sete anos que se fala que este é o prejuízo mensal do hospital. Ocorre que, desde abril, a Prefeitura vem pagando esta conta, colocando dinheiro que sai de outros serviços para suprir a sangria.
Ou seja, a sangria não foi estancada, apenas a Prefeitura está com uma bolsa de sangue (dinheiro) injetando de um lado e que, por outro, escorre nas contas negativas.
Se ao longo dos anos, ninguém consegue estancar a sangria, o tratamento, com certeza, deve estar errado.
A cada nova gestão, o HCC recebe um diagnóstico: é paciente terminal. Porém, desta vez, a notícia foi mais grave. A dívida acumulada, que historicamente variava entre R$ 11 milhões e R$ 13 milhões, foi calculada em R$ 25 milhões.
Isso nos diz que o valor foi calculado errado anteriormente ou os remédios para estancar a sangria não estão fazendo efeito, pois o rombo só aumenta.
Vilmar disse que a comunidade deve agradecer muito o trabalho de voluntários a frente do HCC, mas que agora a gestão deve ser profissional. Novamente concordamos: tudo que foi feito até aqui não foi suficiente para salvar nosso querido hospital.
A situação é realmente preocupante. Resta esperar que, desta vez, o diagnóstico seja o acertado e que, daqui a seis meses, os remédios administrados tenham dado efeito.