Canela,

16 de abril de 2024

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Apenado transferido para presídio federal pela operação Império da Lei comandou criminosos em Canela e Gramado

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Fotos: Rodrigo Ziebell/SSP - Operação Império da Lei

Em 2015, gravações revelaram que Carreta comandava ações criminosas de dentro de sua cela, na PASC, via telefone. Quadrilha foi desarticulada pela Polícia Civil

Operação Império da Lei, menina dos olhos do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi destaque dos noticiários nacional e estadual, nesta semana. Para o ministro, o isolamento dos criminosos em presídios federais implicará na redução de crimes que, muitas vezes, são ordenados de dentro das penitenciárias estaduais.

O fato é que a maioria dos crimes cometidos por facções são comandados de dentro dos presídios, inclusive os cometidos no interior. Não deveria, mas nas casas penais, os criminosos têm acesso a uma série de recursos, em especial, aos telefones celulares e a operação Império da Lei visa, especialmente, cortar a comunicação destes criminosos com suas facções e grupos criminosos.

Os 18 apenados enviados para fora do estado, juntos, somam pelo menos 960 anos e sete meses de condenações. Os crimes mais comuns atribuídos a eles são homicídios, tentativa de homicídios, latrocínios, tráfico de drogas e roubos.

Mas, o que a operação que envolveu 15 instituições e 1,3 mil agentes para a transferência de 18 líderes de facções criminosos para presídios federais de Mato Grosso do Sul e Rondônia tem a ver com Canela e Gramado?

Operação Império da Lei

Operação Bitrem – Carreta

O ano é 2015 e a Polícia Civil de Canela, comandada pelo delegado Vladimir Medeiros, trabalha para evitar que uma facção da Região Metropolitana se instalasse na cidade. O grupo era comandado por Ivan Richetti, o Carreta, que tinha como objetivo a instalação permanente de criminosos de sua confiança na cidade. Estes criminosos ficaram responsáveis por receber e comercializar drogas no bairro Santa Marta, além de arregimentar traficantes locais.

Carreta comandava as operações de dentro da PASC – Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. Aos poucos, pequenos traficantes de Canela e Gramado recebiam drogas dos gerentes de Carreta que atuavam em Sapucaia do Sul e movimentavam grandes quantias em dinheiro.

Diversos crimes graves foram cometidos, do final de 2014 a meados de julho de 2015, nas duas cidades.

O inquérito referente a Operação Bitrem foi encerrado no final de julho de 2015 e indiciou por tráfico de drogas e associação criminosa um total de 26 pessoas – entre elas dois menores de idade. Também foram contabilizadas as apreensões de mais 20kg de drogas, entre maconha, cocaína e crack, esta última em quantidade equivalente a cerca de 15.000 pedras.

Na época, o delegado Vladimir calculou que a ação da polícia canelense, além de desarticular a quadrilha na Região das Hortênsias e evitar a sua instalação permanente, gerou um prejuízo de cerca de R$ 300 mil a Carreta, entre apreensão de drogas e veículos.

Mais de 20 pessoas foram presas em uma operação em que se destacaram o uso de tecnologia e inteligência pelos policiais civis de Canela e Gramado.

Foto: Arquivo Folha/PC RS – Residência era utilizada como ponto de venda

Em geral, a população não tem acesso a como ocorrem as operações e o trabalho incessante de investigação envolvido.

O destino de Ivan Richetti, agora, é um presídio federal de segurança máxima, no norte do País, não divulgado pelas autoridades.

Ivan Richetti

Foto: Arquivo Folha/PC RS – Ivan Richetti, o Carreta

Conhecido como Carreta, com pena até 2087 por assaltos e roubos de carros, foi flagrado em investigações ordenando crimes por telefone de dentro da Pasc. Em conversas gravadas em 2015, admitiu organizar o tráfico de drogas e assaltos, além de mandar matar desafetos. Apuração da Polícia Civil indicou que ele fazia milhares de ligações a partir de sua cela.

Naquele ano, também falava em mandar metralhar a Delegacia de Polícia de Gramado, após a prisão de dez integrantes de sua organização criminosa.