Publico hoje uma parte de minha coluna que foi publicada no jornal impresso da última sexta (29).
Uma parte, pois alguns fatos já tiveram desdobramentos e foram atualizados no texto.
Se uma vez, nos acostumamos com a expressão “você está preso, em nome da lei”, popularizada por filmes policiais e virou até bordão de jogos, como o Detetive, no Brasil, agora, com o noticiário policial, nos acostumamos com o “solto, em nome da lei”.
Parabéns aos envolvidos!
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Solto por força da lei I
No dia 23 de dezembro de 2020, a Brigada Militar de Canela prendeu um menor, de 17 anos de idade, por porte ilegal de arma de fogo, não foi a primeira vez. Ele tinha diversos antecedentes policiais por uma série de ilícitos, todos graves, tais como tráficos de drogas, roubo a mão armada e posse irregular de arma de fogo.
Três semanas depois, ele participa de uma execução, que resultou em dois mortos e outro gravemente ferido. Desta vez, com um grande esforço das forças policiais e da assistência social de Canela, o menor foi recolhido à FASE, de onde deve sair dentro de alguns meses, quando completa 18 anos.
Solto por força da lei II
Se fosse no clássico GTA, famoso jogo de videogame, não dava nada, mas foi em Canela. Começou na noite de sexta (22), com um tiroteio no bairro Tiririca, seguido de fuga e capotamento.
Na tarde do sábado (23), a dupla ainda participou de um roubo de veículo, a informação de quando aconteceu este crime escapou deste colunista.
No domingo (24), a dupla foi presa em Três Coroas. Disparou contra a BM e foi presa com uma arma irregular.
Façam as contas: tiroteio, um roubo a veículo, disparo contra a BM durante a perseguição e posse ilegal de arma de fogo.
Por mais que se diga que somente existem provas para os três últimos fatos, sendo que o roubo a veículo foi a tarde, com mão armada, você não considera que esta dupla tinha que estar presa?
A dupla foi solta na tarde desta terça (27).
Não por coincidência, a mesma dupla foi presa, em companhia de um dos envolvidos no tiroteio do dia 22, em Gramado, novamente de posse irregular de arma de fogo. Esta prisão, que evitou um possível assalto a mão armada, aconteceu na madrugada de sexta (29).
Os criminosos foram soltos no sábado (30).
Solto por força da lei III
Se tu pensa que é coincidência, te liga nos fatos:
– Um homem, suspeito de envolvimento em um golpe que usou o nome do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) em um aplicativo de mensagens para pedir dinheiro, foi solto em uma audiência de custódia realizada na noite desta terça-feira, 5 de janeiro.
– Está em liberdade o professor de ginástica que tinha sido preso em flagrante, na quarta-feira (13 de janeiro, por suspeita de abuso sexual de uma aluna em uma academia de Fernando de Noronha. O homem foi solto por determinação da Justiça, após audiência de custódia, na quinta (14). A polícia disse que tem mais cinco denúncias contra ele.
– Mesmo autuado em flagrante, médico suspeito de estuprar enfermeira é solto durante audiência de custódia, neste domingo (10), em São Luiz/MA.
– Homem apontado como chefe do Comando Vermelho (CV) na Região Metropolitana de Fortaleza foi preso na quinta-feira, 7 de janeiro, durante uma operação da Polícia Civil. Ele autuado por tráfico de drogas, na lei das Organizações Criminosas e porte ilegal de arma de fogo. No entanto, nesta sexta-feira, 8, o suspeito foi liberado em audiência de custódia.
Nossa lei é frouxa e protege o criminoso
Eu já escrevi isso outras vezes. A lei brasileira é frouxa, uma vergonha, e protege o criminoso.
Levando em conta apenas os dois casos recentes de Canela, relatados no início desta coluna, eu te pergunto: você acredita que o policial militar, que o policial civil, ou o delegado, quer mesmo que um criminoso deste tipo volte para a rua?
Eu duvido!
Mas, vem acontecendo. É a famosa força da lei.
As leis, no nosso país de faz de conta, protegem o bandido, não o cidadão de bem. A certeza de não ser punido é que estimula o crime.
Tanto é que o país já conquistou reputação internacional de ser um paraíso para bandidos. Veja o exemplo do ladrão Ronald Biggs, que assaltou o trem pagador inglês, veio para cá e ficou impune durante anos.
Além disso, nosso código penal parece regra de futebol. Cabe a interpretação e ela varia de juiz para juiz.
Agora, volto a te perguntar: quem não acha um crime grave um assalto a mão armada, contra uma mulher sozinha no veículo, num sábado a tarde, em uma cidade de interior, igual Canela?
