Canela,

25 de abril de 2024

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Operação Cáritas: investigados por “rachadinha” mantinham o grupo “Dim Dim” no WhatsApp

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Administradores do grupo mantinham diálogos pedindo a demissão de quem não pagasse, pressionavam servidores e faziam comentários inapropriados sobre colegas

Uma das atividades ilegais mantidas por servidores do primeiro, segundo e terceiro escalão da Prefeitura de Canela, investigada no âmbito da Operação Cáritas, é a “rachadinha” canelense, na qual cargos de comissão da Administração Municipal com posições importantes dentro do MDB canelense eram responsáveis por recolher a contribuição obrigatória dos demais CCs, administrar o dinheiro do partido político e pagar contas.

A “rachadinha” foi descoberta após a análise de dados obtidos durante a investigação do desvio de material de construção no Hospital de Caridade de Canela, em 9 de abril deste ano.

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Fotos: Reprodução

Após, em 22 de julho, Osmar José Zangalli Bonetto, subsecretário de Obras foi preso quando recolhia o repasse dos CCs. Em um primeiro momento, os envolvidos disseram tratar-se de uma contribuição voluntária, o que foi desmentido ao longo das investigações.

Segundo o inquérito policial, trata-se de um esquema operacional financeiro para bancar despesas políticos partidárias com verbas que se quer são formalizadas na contadoria do Partido, restando como dinheiro livre para fazerem jantas, reuniões, festas e bancar despesas aleatórias de campanha e do partido.

Neste contexto, Osmar Bonetto é vice-presidente do partido, subsecretário de Obras e atua na arrecadação. Já Carlos Eduardo da Silva Lopes, o Dudu, é servidor CC da Prefeitura, tesoureiro e contabilista do MDB Canela e Vilmar da Silva Santos é o presidente do MDB de Canela. Existe “conhecimento do gestor e prefeito municipal que possui a prerrogativa de livre nomeação e exoneração dos cargos, o que é relacionado para acorrentar o pagamento ao partido à estada no posto, deste modo atua de forma organizada e associados”, diz o inquérito.

A média de arrecadação do esquema, pode chegar a mais de R$ 20 mil por mês, ou seja, aproximadamente R$ 1 milhão em quatro anos.

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Grupo Dim Dim no Whats App e pressão nos CCs para pagamento

A investigação mostra diversos diálogos entre os integrantes do primeiro e segundo escalão da Administração Municipal, com pressão para que os pagamentos dos servidores em cargo comissionados aconteçam, mas o que chama a atenção é um grupo de WhatsApp, criado entre Bonetto e Dudu para registrar a cobrança e os pagamentos, denominado Dim Dim.

Nele, diversos áudios e mensagens são trocados, com piadas sobre os servidores e adjetivos sobre os colegas de Prefeitura e servidores de diversas secretarias, inclusive secretários.

Em uma das mensagens, um dos investigados sugere trocar favores sexuais com uma servidora da Secretaria de Meio Ambiente e, quando ela realiza o pagamento, um deles ironiza, “perdi o b…”.

Em outro áudio, Bonetto reclama: “este filho do XXXX (o nome foi suprimido pois o servidor não figura nas investigações) parece que se cagou todo, foi quinta ou sexta, não sei, o Ratinho chamou ele, acho que o Vilmar avisou e parece que deram não sei quantos dias, parece que ele disse: bah. Tu sabia, o cara te avisa, te avisa e não adianta. Então tu paga ou paga. Parece que o Ratinho deu o recado pra ele: tem até o final do mês. Mas vão a merda, tem que pegar e mandar mesmo, um monte de gente ai querendo trabalhar e estes inço ai incomodando a gente”.

Os diálogos expõem, ainda, a utilização por parte do investigado Osmar do aparelho de telefone celular da Prefeitura Municipal para “proveito próprio e alheio, pois trata-se de típico desvio da coisa móvel para a finalidade em que deveria ser empregada”, além de ambos, Bonetto e Dudu realizarem as atividades da rachadinha em horário de expediente.

Osmar José Zangalli Bonetto teve seu afastamento da função pública através de medida cautelar e figura como investigado na Operação Cáritas. Carlos Eduardo da Silva Lopes teve seu afastamento pedido ao judiciário, mas o mesmo foi negado, ele figura como investigado no referido inquérito judicial.