Canela,

13 de maio de 2024

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Canela tem lotes irregulares sendo vendidos por valores entre R$ 90 e R$ 120 mil

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Fotos: Reprodução - 12 mil pessoas moram em áreas irregulares. Confira quantas e quais são, em reportagem especial

12 mil pessoas moram em áreas irregulares. Confira quantas e quais são, em reportagem especial

Defender o indefensável é uma das atividades preferidas dos políticos, desde que caia bem com o chefe partidário ou com a opinião pública, tanto faz. O suplente de vereador, Roberto Grulke, que ocupa uma cadeira na Câmara, questionou seus colegas a informação trazida pelo Ministério Público de que existem mais de 70 áreas irregulares em Canela.

Não consegui identificar todas as áreas invadidas de Canela. Acho que o Promotor se enganou, vou pesquisar”, disse Danany, como é conhecido o político do MDB.

A reportagem da Folha pesquisou e consultou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que fica janela a janela com a Câmara de Vereadores, recebendo a informação de que existem 44 áreas irregulares em Canela, 29 delas já mapeadas e com levantamentos topográfico.

Um estudo indica que 12 mil pessoas moram nestas áreas, um contingente significativo para um Município do porte de Canela, mostrando que, mesmos que fossem apenas estas, o número já seria estarrecedor.

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As demais áreas são núcleos de ocupação irregular, originados de uma matrícula maior onde ocorreu a venda irregular ou ampliação das ocupações, sem a infraestrutura de ruas principalmente e, estes, podem chegar a 30 núcleos, fechando a conta das mais de 70 áreas irregulares em Canela.

Para definir as diferenças, podemos usar como exemplo a área do antigo lixão, na Santa Marta, que é pública e está ocupada com mais de 40 casas. Este é um caso de área invadida.

Como ocupação irregular, temos o exemplo do que popularmente é chamado de loteamento Mana, ai lado da Vila Miná, com parcelamento irregular do solo oriundo de uma única matrícula.

Minimizar o problema, nesta altura do campeonato, parece não ser mais possível, nem mesmo para os políticos. Abaixo, um estudo realizado pela Secretaria de Meio Ambiente mostrando os pontos críticos da cidade.

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Foto: Reprodução – Levantamento realizado pelo Meio Ambiente de Canela

Falta fiscalização e ocupações só crescem

A reportagem da Folha foi alertada por um órgão fiscalizador de Canela que uma nova rua estava sendo aberta na área invadida conhecida como Loteamento Mirote. A via em questão fica ao fundo da área já ocupada e vai, em breve, dar lugar a diversas casas que nascem da noite para o dia, aumentando o problema habitacional de Canela.

Em 2019, a reportagem da Folha esteve conferindo a denúncia de que uma casa estava sendo vendida. Chegando no local, não encontrou a placa, o motivo é simples, já havia sido vendido, em menos de uma semana.

O vendedor, que mora ao lado, explicou que tinha um outro terreno, “mais no meio, mas sem casa”. O da entrada, vendido semana passada, saiu por R$ 78 mil, já o do meio da área invadida custa a bagatela de R$ 50 mil. Questionado sobre a segurança do negócio, afirmou “que a venda é feita com contrato” e que a área está sendo regularizada pela Prefeitura. “A escritura deve sair até o final do ano”, sentenciou.

Óbvio que a escritura não saiu até o final de 2019, nem sairá, mas as vendas, negócios de estelionatários e as ocupações irregulares continuam. Com ajuda do Google Earth, mostramos o comparativo da mesma área nos anos de 2013 e 2021, em oito anos, o local se transformou.

Lotes irregulares seguem sendo vendidos

A oferta de moradia popular é um dos problemas sociais mais graves de Canela. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Planejamento, com os estudos de revisão do plano diretor e com a definição de prioridades, a Prefeitura está buscando alternativas mais acessíveis para aquisição pelos trabalhadores.

Identificamos moradias sendo vendidas por valores entre R$ 90 mil e R$ 120 mil, em locais irregulares e sem infraestrutura”, explica o secretário Municipal de Meio Ambiente e Planejamento, Jackson Müller.

Miroti, Santa Marta (pedreira), Dante e São Luiz são locais prioritários para contenção de novas ocupações e oferta de alternativa para as famílias em locais urbanizados e com infraestrutura adequada. “É uma tema bastante importante. Os mapeamentos que fizemos evidenciaram uma demanda que está sendo tratada com a Caixa Federal para construção de loteamento popular, que viabilize moradias para as faixas de menor renda, de forma a evitar que o trabalhador seja atraído pelos estelionatos de plantão”, finaliza o secretário, com referência aos projetos habitacionais populares já anunciados pela Prefeitura no início deste mês.

Casa sendo construída em meio à área invadida no Mirote