Canela,

29 de abril de 2024

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Chico

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Francisco Rocha

Cadê a denúncia que estava aqui? O gato comeu?

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Após 135 dias, ninguém protocolou denúncia formal para abrir comissão de ética sobre o caso do vereador Alberi Dias

Apesar de todos os indícios trazidos pela Polícia Civil, formalmente, a Câmara de Vereadores não recebeu denúncia de mau comportamento de Alberi Dias e não pode fazer nada quanto à situação do vereador, afastado judicialmente. Parece piada, mas não é, mesmo o fato tendo repercussão nacional, não há denúncia.

Passaram-se 135 dias, ou seja, quatro meses e meio, desde o fatídico 8 de novembro, em que a Polícia Civil de Canela deflagrou a 3ª fase da Operação Cáritas, considerada a maior ação de combate à corrupção no interior do Estado do Rio Grande do Sul.

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Naquela ocasião, Alberi Dias, vereador e então presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Vilmar da Silva Santos, assessor jurídico da Prefeitura e interventor do Hospital de Caridade de Canela, e Luiz Cláudio da Silva, o Ratinho, secretário Municipal de Obras, foram presos preventivamente e afastados de suas funções, um dia depois, quando receberam relaxamento da prisão.

Alberi voltou a ser preso em 28 de dezembro, permanecendo em acautelamento preventivo até 4 de fevereiro, tendo novamente seu mandato de vereador por sessenta dias, ou seja, até 5 de abril próximo. Isso significa que na sessão de 11 de abril, se nada diferente acontecer, Alberi poderá estar ocupando sua cadeira na sessão da Câmara de Vereadores.

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Restam 13 dias e, ao que parece, nada diferente irá, mesmo acontecer. A Câmara até ameaçou abrir uma comissão de ética, mas o processo esbarrou, pasmem, na falta de uma denúncia formal.

Os vereadores argumentam que não vão oferecer a denúncia, pois quem assinar o documento não poderá votar, depois de 90 dias, para definir ou não a cassação de Alberi.

É estranho, pois qualquer um pode protocolar a denúncia na Câmara, um suplente, um presidente ou membro de um partido político (que são leões na internet), ou até mesmo um cidadão qualquer.

Mas, passados 135 dias da primeira prisão, ninguém foi até a Câmara assinar um papel contanto o que está acontecendo.

Não que Alberi já esteja condenado, todo mundo sabe que não está e vai ter direito a um julgamento conforme determina a lei. Não que Alberi tenha que ser escrachado, chutado pela porta da frente da Câmara, sem passar por um conselho de ética justo e conforme preceitua a legislação. Não, nada disso. Inclusive, a própria Justiça abriu espaço para que Alberi, afastado, possa ir à Câmara se defender.

Estranho é o fato de os vereadores, que se dizem representantes do povo, que se dizem fiscais do poder público canelense, que cobram e pregam o respeito e o cumprimento das leis, não terem a mínima pressa, não fazerem a mínima questão de apurar o que acontece com um dos seus pares.

Se você estivesse chegando agora de um ano sabático, sem acesso à internet e sem informações, em um retiro espiritual, acharia tudo isso, no mínimo estranho, mas para a Câmara de Vereadores de Canela, não é.

Essa é a singela opinião deste colunista, muitas vezes apontado como imparcial e sem pureza no coração pela classe política, à qual é sempre oferecido contraponto que não usa, mas prefere se fazer de leitão pra poder mamar deitado.