Canela,

13 de maio de 2024

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Chico

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Francisco Rocha

As lágrimas da comunidade não comovem quem tem o poder de resolver os problemas

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Hoje pela manhã, presenciei seis pessoas diferentes, chorando pelo mesmo problema que poderia ser evitado, mas os políticos preferem reclamar das críticas

Hoje pela manhã, ao percorrer as áreas alagadas no entorno do canal do lago, presenciei muitas cenas tristes. Duas moradoras, de ruas diferentes, choravam a perda de seus móveis, pois já perderam a conta das vezes em que a água invadiu as usas casas.

Uma empresária chorava, pois terá que reformar novamente seu estabelecimento, que, novamente, invadido pela água, teve móveis e pisos estragados. Imagine uma avó, que cuida do neto autista, relatando sua casa alagada, pela enésima vez.

Por fim, três crianças choravam a perda do animal de estimação, que morreu eletrocutado na calçada, pois a água, pela altura absurda que chegou, alcançou uma fonte de energia elétrica.

Este é um relato de hoje, quinta-feira, 24 de março de 2022. Poderia trazer tantos outros aqui, em diversas áreas em que o poder público deixa de atuar, causando perdas e sofrimento à comunidade.

O meu papel como jornalista é ouvir estes relatos, registrar e cobrar das autoridades uma atitude, quer eles gostem ou não.

Porém, chamou a atenção uma postagem do atual presidente do MDB de Canela, Eduardo Rodrigues, o Chuchu, em suas redes sociais, questionando a atuação da imprensa. Segundo ele, no texto publicado duas vezes, a liberdade de imprensa consiste em falar sempre a verdade. A postagem, inclusive, foi curtida por CCs da Prefeitura e até vereadores.

Chuchu não deixa claro a quem ou a qual veículo está se referindo, nem se o que lhe incomoda aconteceu em Canela, mas sua publicação vem no embalo de uma troca de notas oficias com o PP de Canela e alguns outros embates travados via redes sociais.

Ainda, na semana passada, após a Folha publicar uma matéria que trazia reclamações sobre o atendimento do hospital, o próprio HCC publicou em suas redes sociais uma nota de repúdio em relação à nossa matéria.

Também o PDT de Canela publicou nota oficial quanto à sua postura na Câmara de Vereadores, com relação à comissão de ética e à CPI, momentos depois de este colunista publicar sua opinião a respeito do processo que envolve o vereador Alberi Dias.

Não posso me manifestar quanto à atuação dos demais órgãos de imprensa, mas, ao que parece, a atuação da Folha tem incomodado os políticos locais, o que é bom, sinal que estamos fazendo nosso trabalho.

Tem uma frase que é clichê, mas sempre uso nestas situações: jornalismo é tudo aquilo que alguém não quer que seja publicado, o resto é publicidade (William Randolph Hearst).

Agora eu questiono você, meu leitor: porque a imprensa persegue e difama somente os políticos? Porque eles são tão incomodados com a imprensa livre?

A resposta é muito simples: todos que participam – direta ou indiretamente desse sistema – querem manter tudo exatamente como está, sem tirar nem pôr. Algumas vezes, podem até encenar briguinhas, divergências, mas ao final, saem todos juntos, abraçados e prontos para o próximo capítulo.

Já o bom jornalista, pode e deve confrontar pessoas públicas na apuração da verdade dos fatos. Este é o nosso papel e a sociedade nos procura para ter voz quando não é atendida.

É triste, pois, enquanto homens públicos, políticos, com cargos ou não, se preocupam se a imprensa fala deles, e não com a mensagem que é passada, quem perde é a comunidade.

Vale o registro que encontrei o secretário de Obras Marcelo Savi, em muitos locais, tentando amenizar os problemas, e o presidente da Câmara, Alfredo Schaffer, em um segundo local.

Já quem reclama da imprensa, ou quem tem o poder para resolver estes problemas e não resolve, não estava lá, para ver no local, ao vivo, o sofrimento da comunidade. Depois, de certo, vão escrever outra nota de repúdio.

Desculpem o desabafo, mas a profissão de jornalista, algumas vezes é triste.