Canela,

13 de dezembro de 2024

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Chico

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Francisco Rocha

Operação Cáritas já tem cerca de R$ 5 milhões bloqueados pela Justiça

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Nesta semana, dois veículos de aproximadamente R$ 150 mil cada, foram destinados às forças de segurança de Canela

Por obrigação profissional e linha editorial, é claro, tenho acompanhado a Operação Cáritas desde seu início, lá em abril de 2021, quando ela nem tinha este nome e não havia previsão de diversas fases, o que me dá, dentro das informações que consigo acesso, uma visão bem clara da importância desta ação policial para Canela.

Nesta semana, dois veículos de aproximadamente R$ 150 mil cada, foram destinados às forças de segurança de Canela, um para os Bombeiros e outro para a Polícia Civil. É o começo da devolução dos valores obtidos por ações criminosas, revertidos em ações para a comunidade.

Mas, o que realmente chama a atenção é o valor total de bens apreendidos ou bloqueados judicialmente em todas as fases da Operação, algo em torno de R$ 5 milhões. Vou repetir: R$ 5 milhões. Bens e dinheiro que estavam na posse de pessoas acusadas de obter vantagem ou fazer desvios de verbas públicas utilizando seus cargos no poder público canelense. Ah, e recebendo, muito bem, para trabalhar em prol da sociedade.

Quando se fala de crime do colarinho branco, ou de corrupção, as vezes não conseguimos dimensionar o mal que esta prática traz a todos. Muitas vezes parece coisa de filme, de Tropa de Elite, de milícias e por aí vai.

Porém, quando isso acontece no nosso quintal, com o político que, até ontem, você encontrava no mercado, ou continua encontrando, você se dá conta da importância da ação policial que acontece em Canela.

Dizem, os índices de segurança, que o tráfico de drogas movimenta algo em torno de 1/3  do PIB – Produto Interno Bruto, ao nível nacional. Em Canela, estima-se que o tráfico movimente algo em torno de R$ 6,5 milhões ao ano. Pois bem, os R$ 5 milhões apreendidos ou bloqueados pela Operação Cáritas representam algo parecido com toda a atividade da venda de drogas na cidade.

Você já parou para pensar como aconteceu isso? Como chegamos neste ponto? No qual um grupo de pessoas que são pagas com o dinheiro público utilizam seus cargos para enriquecimento ilícito e movimentam valores que chegam na metade do que todo o tráfico de entorpecentes movimenta na cidade.

Vou além, o orçamento, ou seja, a verba pública destinada para todas as ações de Assistência Social em Canela, em 2022 é de R$ 9,78 milhões. Já para a educação é de R$ 69,39 milhões. Ou seja, o combate à corrupção em Canela já identificou valores que chegam a mais de 50 % do dinheiro aplicado na Assistência Social em um ano e mais de 7% do que é aplicado na educação.

Até quando parte da população e parte da classe política vai continuar fazendo de conta de que não sabe disso, de que isso não aconteceu e de que isso é tão ou mais grave que crimes como o tráfico de drogas?

Já imaginou se estes valores fossem bem aplicados, o quanto poderiam melhorar a vida do canelense? Já imaginou que foi dinheiro público que poderia ser bem aplicado no Hospital, nos postos de saúde, na educação de tempo integral ou na qualificação da mão de obra canelense?

A cada semana, a Operação Cáritas fica mais forte

Vale destacar a notícia que um dos principais pontos questionado pela defesa de Jackson Müller, o contracheque, que segundo Müller era falsificado, não era. Era autêntico, apenas continha informações incongruentes devido a uma falha no mecanismo de busca do Portal da Transparência da Prefeitura de Canela.

Por que tem pessoas que questionam o combate à corrupção?

Não é difícil ver políticos, cabos eleitorais, profissionais da comunicação e até mesmo populares criticando as ações de combate à corrupção em Canela. Você já se perguntou o motivo de estas pessoas tomarem estas posições?

Você já se perguntou a quem interessa enfraquecer o combate à corrupção? Quais vantagens estas pessoas estão levando para levantar argumentos em favor da corrupção?

Você não vai falar de outra coisa?

“Ah, Francisco, mas você não vai falar de outra coisa?” – pode estar se perguntando algum leitor.

Não, ao menos por enquanto. Tenho o dever moral e profissional de levantar estes questionamentos para que a comunidade que acompanha o nosso trabalho tenha conhecimento do que está acontecendo em Canela.