Canela,

19 de maio de 2024

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Incentivar a denúncia é o grande desafio na luta pelo fim da violência contra a mulher

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A Juíza Simone Chalela falou sobre o tema com a reportagem da Folha e destacou a difícil tarefa de oferecer proteção

Atualmente, são 245 processos ativos, tramitando na Comarca de Canela, com vítimas de violência familiar. O mês de agosto, o Agosto Lilás, é dedicado no combate à violência contra a Mulher.

A reportagem da Folha conversou sobre o tema com a Juíza Simone Chalela, titular da 2ª Vara Judicial de Canela, com competência exclusiva de casos da infância e juventude, além de violência doméstica. Ela destacou que houve uma subnotificação destes casos durante a pandemia, mas que os casos seguem aumentando e isso é uma tendência.

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Em Canela, no ano de 2020, 142 mulheres foram ameaçadas, 119 sofreram lesão corporal, oito foram estupradas, houve um registro de feminicídio consumado e um registro de tentativa de homicídio. Os dados são um alerta de que algo é preciso ser feito para acabar com estas estatísticas ou, pelo menos amenizar estes registros.

Em contraponto, Canela conta com a Casa Vitória, inaugurado em agosto de 2021, com o objetivo de oferecer acolhimento e orientação para mulheres vítimas de violência. Assim, as vítimas sentiram mais segurança em oferecer a denúncia.

Segundo a Juíza, o mesmo aconteceu com a área da infância e juventude, com o aumento da confiança de crianças e adolescentes em realizar as denúncias de violência, citando dois casos em que meninas procuraram policiais do Proerd – Programa de Resistencia às Drogas e à Violência da Brigada Militar, para relatar situações de abuso sexual.

“Eu percebo até mesmo durante as audiências o sentimento de confiança e de justiça, no relato das vítimas, de que vai acontecer alguma coisa, que a situação delas não vai ser menosprezada como era antigamente, como se não fosse crime. Só assim, com o aumento das denúncias e com a punição, este número tende a diminuir”.

Importância da denúncia

“A gente pretende que as vítimas saibam que elas precisam falar e que não é vergonha relatar o que acontece”, disse a Juíza. “A gente deve lutar pela igualdade. Se uma mulher conseguir ter força para sair desta situação é um grande feito”.

Para Simone Chalela, além da denúncia, estas mulheres precisam saber que é possível romper este ciclo de violência e que elas podem seguir suas vidas.

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A difícil tarefa de oferecer proteção

Na avalição da Juíza, ainda resta um fortalecimento e estruturação da rede de proteção municipal. “Eu penso que se pode fazer muito mais. O Município precisa, urgentemente, criar uma rede forte de auxílio às vítimas, pois, quando mais cedo estes casos chegarem ao Judiciário, mais rápido podemos romper o ciclo de violência”.

Algumas vezes as mulheres acabam voltando para o agressor, abrindo mão da proteção. Nestes casos, somente a conscientização pode mudar este quadro. As mulheres devem pensar nelas e nos seus filhos, buscando um ambiente seguro.

“Temos que quebrar este silêncio, o mundo só muda com educação e se cada um fizer a sua parte, eu tenho certeza que o mundo muda”, finalizou a Juíza.