Canela,

1 de maio de 2024

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Chico

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Francisco Rocha

Algo que aconteceu em uma aldeia encantada, longe, longe e longe da realidade

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Antes de contar esta fábula, tema desta coluna, é primordial alertar ao leitor que este texto é fictício e qualquer semelhança com a realidade é pura, simples e meramente uma incrível coincidência.

Vamos lá, havia uma aldeia do interior, longe, longe, mais muito longe da realidade, onde a separação a independência dos poderes existia apenas no discurso. O senhor feudal governava dando todo o tipo de ordens e fazia com que um grupo seleto de homens, eleitos como representantes dos aldeões, por vezes acabassem votando contra a população.

Quando algum destes representantes ameaçava votar contra o senhor feudal, ele chamava o cidadão e alertava que perderia o cargo, mesmo sabendo que a interferência entre poderes é crime.

Ele chamava e dizia: você vai votar assim! E lá iam os representantes e faziam a vontade do senhor feudal.

Chegou um dia que o xerife desconfiou, investigou e prendeu uma série de vassalos. Mas, alheio aos escândalos e ao que o povo pensava, o governante seguia fazendo a mesma coisa.

Sua corte era fiel, quase uma seita. Todos veneravam o governante e quem fosse contrário era demitido. Quem não trabalhava para o governo e ousasse falar, era tratado como persona não grata. Alguns deles acreditavam estar investidos em um poder superior, que os faziam muito melhores que os simples moradores do local.

Os indícios de que havia algo errado no comando da aldeia estavam por todo o lado. Outras autoridades alertavam para o que estava acontecendo, mas o senhor feudal continuava acreditando se tratar de uma perseguição pessoal.

A aldeia estava desorganizada, desunida e desesperançosa. E tudo seguiu desta maneira, pois quem podia fazer alguma coisa, dentro da política, ou não tinha força, ou não tinha coragem, ou não tinha interesse.

Contra o sistema, algumas autoridades conseguiram resultados. Umas foram rotuladas de perseguidores pessoais, outras de mentirosos mesmo.

A história tem dois finais, mas não se sabe ao certo qual o verdadeiro.

Em um deles, por fim o senhor feudal entendeu o que estava acontecendo e, com humildade, acolheu pensadores daquela e de outras aldeias, fazendo coisas boas para a população.

No outro, ele seguiu teimoso, acreditando que só havia vida inteligente e verdades dentro de seu castelo e os aldeões tiveram um período muito difícil enquanto ele foi o governante supremo.

Mas como eu disse, essa é uma fábula de uma aldeia encantada, longe, longe e longe da realidade. E já somos bem grandinhos para acreditar em fábulas, né?