Canela,

1 de maio de 2024

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Chico

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Francisco Rocha

Procura-se uma Estação de Tratamento de Esgoto

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Há duas semanas, a reportagem da Folha tenta entender como vai funcionar o processo de finalização das quatro estações de tratamento de esgoto iniciadas pela Prefeitura de Canela, na gestão Jackson Müller, à frente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Três delas foram concluídas (Chacrão, São Lucas e Parque do Lago), porém, segundo o Ministério Público, de maneira irregular, pois elas não poderiam ter recebido as licenças da Prefeitura de Canela e sim da Fepam, então, estas licenças devem ser revistas antes de as ETEs entrarem em funcionamento.

Ainda falta construir a ETE São Luiz, mas o processo está parado porque, além de as licenças terem que ser emitidas pela Fepam, a investigação da Operação Cáritas mostrou uma relação nebulosa entre a empresa que foi contratada para a construção das ETEs, a Arcamar, e o ex-secretário Jackson Müller. Mais: recentemente um laudo da Força Tarefa da Cáritas, composta pelo Gaeco, apontou superfaturamento nestes serviços.

Curiosamente, a ETE São Luiz seria a mais simples de se resolver, porque boa parte do bairro possui a rede coletora de esgoto cloacal, apesar de a estação de tratamento do bairro ser antiga e não tratar mais o esgoto. Esta poderia estar em funcionamento bem cedo, deveria ser a primeira a ser implementada, mas não foi.

Buscamos então, saber mais sobre esta estação e por duas semanas procuramos onde está o material para a montagem da ETE e, ninguém na Prefeitura sabia.

Imagine o leitor que a ETE modular, igual a do Parque do Lago, apesar de desmontada ficar mais compacta, não pode ser guardada em uma caixa de sapato e colocada na prateleira do almoxarifado. Então, como pode o Poder Público não saber onde estava a ETE?

Por fim, perguntamos à Corsan, a qual designou um servidor para procurar a estação e acabou encontrando, no depósito junto ao DLU, no bairro Santa Terezinha.

Faço este relato para que o leitor tenha noção do que a corrupção (apontada pela Polícia em parte do poder público canelense) pode trazer de prejuízos para a comunidade. Além de desviar dinheiro público, atrasa a vida do Município em alguns anos e agora, será necessário mais dinheiro público para arrumar a casa.

Fiz a narrativa apenas de um dos fatos apontados na área do Meio Ambiente para mostrar o tamanho do estrago, mas todos sabemos que existiram problemas também no Turismo e no Hospital, por exemplo.

Fingir que está tudo bem em Canela e que as coisas voltaram à normalidade é mentir ao cidadão canelense.

Erros seguem sendo revelados

Ao ter acesso ao convênio assinado entre Prefeitura e Corsan, a reportagem da Folha descobriu que para que a Corsan receba as quatro novas estações de tratamento de esgoto, elas devem estar operando há pelo menos seis meses, atendendo aos níveis exigidos pela resolução federal que determina o que é aceitável ser lançado na natureza.

Este parâmetro vai ser muito difícil de ser atingido na ETE do Parque do Lago, se não houver uma rede própria coletora de esgoto no Leodoro de Azevedo e adjacências. É o dinheiro do contribuinte canelense, literalmente, indo pelo esgoto.