Durante a discussão e votação da Reforma Administrativa, alguns vereadores usaram a tribuna para atacar cidadãos presentes na sessão, eles, que são representantes do povo
A quarta (21), seria um dia cômico, se não fosse trágico, para a Câmara de Vereadores de Canela. Começo esta coluna com uma frase dita pessoalmente a este colunista por um vereador titular: “a comunidade vai gritar umas duas semanas, depois esquecem, mas, o projeto já vai estar aprovado”.
Ele se referia ao projeto da Reforma Administrativa, o qual, horas depois, foi aprovado por seis votos a quatro, aumentando em 85 cargos o número de CCs de Canela, além de elevar substancialmente o salário de mais 192 CCs.
Que o projeto seria aprovado, já se sabia, pois o prefeito Constantino mandou os vereadores titulares, que atuavam como secretários, em especial Alfredo Schaffer, para garantir a quantidade de votos. Era “favas contadas” e o vereador que afirmou que o povo tem memória curta está coberto de razão.
O que assustou ontem, foi, além do discurso terrível, a falta de educação de vereadores em tribuna, chegando a atacar cidadãos presentes.
Emília Fulcher: “Que vença o melhor”!
A presidente da Câmara de Vereadores, Emília Guedes Fulcher (REP), não votaria a Reforma, pois presidente não vota projeto de lei complementar. O plenário estava lotado, a maioria servidores concursados, contra a reforma. Ao iniciar a sessão, visivelmente irritada, Emília já avisou aos presentes que não iria tolerar manifestações e que poderia retirar quem interferisse na sessão, até mesmo interromper.
Quando surgia alguma manifestação da assistência, ela ameaçava novamente, do alto de seu poder “regimental”.
Mas, o pior, ao meu ver, foi quando a presidente utilizou a Tribuna, ao elogiar a participação popular, disse que “cada um estava ali defendendo seus interesses”. Ora, vereadora, os vereadores estão ali para defender o interesse da comunidade.
É claro que a manifestação provocou risos na plateia e a vereadora, em tom sarcástico, complementa: “que vença o melhor e vamos ver quem vai vencer”!
Postura completamente inadequada para quem ocupa o cargo de presidente do Legislativo e nem mesmo iria votar o projeto.
Alfredo: “Pode até 85 cargos, mas talvez não vai ser 85 cargos”
No melhor estilo Dilma Rousseff – Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder! -, outra pérola da noite foi proferida por Alfredo Schaffer (PSDB), secretário de Meio Ambiente, enviado à Câmara para aprovar o projeto, no lugar de Felipe Caputo, o qual já havia se manifestado contra.
“Então, esse negócio de 85 cargos, não é bem assim. Pode até 85 cargos, mas talvez não vão ser 85 cargos”, disse Schaffer.
Alberi: “Isso aí, se não gosta sai”!
O vereador do álcool em gel líquido e que é “contra, contra, contra” qualquer coisa de errado na administração, abriu sua fala se dirigindo a plateia afirmando que “não bebe água nas orelhas de ninguém”, quando se posicionou a favor da Reforma.
Depois, questionou porque todos estavam tão preocupados com o projeto. “Acredito que logo vai ser derrubado na Justiça, pelo Ministério Público, vários colegas já se disseram que é inconstitucional”.
Por fim, ao ver uma pessoa saindo do plenário durante sua fala ele finaliza: “Se não gosta sai, isso aí”!
Pagos com o imposto do contribuinte, desrespeitam o contribuinte
Há tempos a Câmara de Vereadores protagoniza o que de pior a política pode demonstrar em uma democracia. Já chamaram os eleitores de burro, já faltaram com respeito com todo o tipo de cidadão e já aprovaram mil coisas contra a vontade popular.
Quando a gente acha que não pode piorar, eles simplesmente se acham seres superiores, investidos em cargos divinos (que vença o melhor), faltando com a educação com quem paga os seus salários (se não gosta saí), no melhor estilo Maquiavel: dê o poder ao homem, e descobrirá quem ele realmente é.
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