Eu amo o Google e acredito que ele presta um grande serviço, mas antes, quero colocar o contexto em que esta coluna está sendo escrita.
A semana foi de repercussão sobre o PL das Fake News, que seria votado na última terça (2), na Câmara Federal, mas não foi.
Em síntese, o texto traz uma série de “regulamentações” para o uso da internet e cria superpoderes para órgãos de Estado e dá ainda mais imunidade a políticos.
Chamou atenção que de segunda (1) até parte da tarde de terça, o Google manteve um link com sua posição sobre o projeto de lei, ainda que discreto, na página inicial de seu buscador. O fato foi atacado pelo Governo e até mesmo pelo Judiciário.
A discussão levantada foi sobre o papel das chamadas “big tecs”, as grandes empresas de tecnologia, no combate à fake News e na colaboração com os órgãos de governo. Rapidamente, uma ala ideológica passou a criticar o Google por suas posições.
Como interessado na área, acompanhei de perto os desdobramentos com grande preocupação. A proposta do governo iria colocar em cheque os pequenos meios de comunicação, que é o caso da Folha, e beneficiar as grandes redes.
Não demorou para surgirem posições e até mesmo memes sobre o assunto. Uma tirinha fazia piada com o leitor, questionando como seria o mundo se não existisse o Google.
Este colunista, que orbita o mundo da informática como ferramenta de trabalho desde a década de 90 (pasmem), conheceu o mundo sem o Google. Logo no início dos anos 2000 o buscador chegou por aqui e junto com ele uma série de serviços gratuitos, como o Gmail, depois o Mapas, Drive, YouTube e por aí vai.
Há mais de 20 anos, utilizo as ferramentas do Google em minha profissão, as quais tem sido de extrema importância. Vale ressaltar que a grande maioria é gratuita.
Se você tem um celular, principalmente Android, utiliza diversos produtos do Google diariamente, talvez sem nem saber.
É muito difícil imaginar o mundo atual sem o Google, por outro lado, é fácil imaginar o Brasil sem governantes como Lula, Bolsonaro, Lira e outros políticos. Se você tivesse que escolher entre algum deles, qual você escolheria?
Eu sou muito grato ao Google por tudo o que ele proporciona como profissional e como cidadão.
Acredito que precisamos evoluir muito no combate à desinformação e que o conteúdo jornalístico deve ser melhor monetizado nas plataformas digitais, mas em momento algum eu troco o que temos hoje pela proposta que seria votada esta semana.
Obrigado Google, por tudo, inclusive por se posicionar.
Fim do anonimato é uma das soluções
Um dos grandes problemas da internet é o anonimato. A identificação das pessoas por trás dos perfis fakes, a facilidade em se passar por outro é um grande problema.
Minha sugestão é que se crie um padrão que, para ter um perfil em uma rede social, é necessário se identificar com um documento, um CPF por exemplo. Claro que estes dados não seriam públicos, mas limitariam o número de perfis fake.
Isso vale para qualquer coisa, como um estádio de futebol por exemplo, que poderia ter a biometria na roleta de entrada. Quem não tem intenção de descumprir a lei, não precisa se preocupar em se identificar, seja num ambiente físico ou no digital.
Legislação precisa melhorar em diversas áreas
Assim como nossa legislação é frouxa em diversos crimes presenciais (furtos, por exemplo), ela é frouxa em diversas outras áreas. Uma punição exemplar para quem propaga fake news, ou faz apologia ao nazismo, seria outra das soluções.
O governo tem que parar de querer punir o mensageiro e procurar de fato o autor da mensagem.
A discussão desta semana mostra que o PL das Fake News não é sobre combater fake News, proteger as crianças ou melhorar o jornalismo, é, sim, sobre mais poder para o Estado e, de quebra, forrar ainda mais os cofres públicos com taxações.
Encontro para Comunicações do Cidica
Nesta sexta (5), acontece o 1º Encontro de Inovação para as Comunicações, do Cidica – Centro Integrado de Desenvolvimento e Inovação de Canela, no, não por acaso, estarei participando.
O Cidica, aliás, que é uma das grandes notícias de Canela, mostrando muito serviço na construção de uma política pública com foco no desenvolvimento e na tecnologia.
Parabéns ao secretário Luciano Melo e sua equipe pelo trabalho desenvolvido no local. Aí que eu me refiro!