Quem trabalha comigo na Folha sabe que eu evitei fazer esta coluna. Odeio notícia negativa sobre o Sonho, ainda mais com o evento em andamento, mas chega um ponto que não dá!
A notícia é a seguinte. A Chegada do Papai Noel, com o bom velhinho descendo de rapel da Catedral de Pedra, não vai acontecer dia 10.
Pior: se quem organiza o Sonho de Natal não se mexer, talvez não acontece este ano!!!
Tentei assessoria de imprensa e secretaria de turismo. Nenhuma posição oficial. Talvez quando o prefeito Constantino voltar de férias, na próxima sexta, a coisa mude. O prefeito em exercício, Jefferson de Oliveira, está em Brasília;
O assunto é complexo, mas, resumindo, há um problema jurídico. A Procuradoria Geral do Município não autoriza a Secretaria de Turismo a fazer as contratações da forma que ela deseja. A rádio corredor me disse que as partes chegaram ao extremo de uma ameaçar de denunciar a outra.
Quem tem a mínima noção de organização de eventos sabe que não adianta querer contratar as coisas em cima da hora, ainda mais no final do ano. Eu fico aqui pensando: não sabiam que ia ter Natal este ano? Não sabiam que era preciso fazer a Chegada do Papai Noel?
Agora eu pergunto, quem vai pagar este prejuízo? Prejuízo moral, prejuízo financeiro da comunidade e prejuízos pessoais de quem estava pronto para trabalhar neste evento?
Mais uma pergunta, existe alguém ou alguma entidade (pode ser até espiritual), que aos 45 do segundo tempo, possa nos ajudar?
Como editor, tenho relutado em fazer matérias negativas em relação ao Sonho, durante o desenrolar do evento, para não correr o risco de descredibilizar nossa temporada natalina e afastar os visitantes.
Mas poxa, a turma não se ajuda! Não vou nem entrar no mérito da decoração de MDF cortada a laser. Mas não ter chegada do Papai Noel? Dá vontade de escrever um palavrão, por deus!
A primeira Chegada do Papai Noel foi em 1994, ou seja, há 29 anos. De lá para cá, se consolidou como a marca do evento natalino de Canela, o Papai Noel e seus ajudantes descendo da torre da Catedral de Pedra. Todo ano acontece e todo ano, por diferente, mais ou menos investimentos, a gente se emociona quando chega o momento da descida.
A descida de rapel foi criada para ser uma marca registrada do Sonho, antes o papai Noel já havia chegado de carro, de bicicleta e até de helicóptero, mas foi com a descida da Catedral que Canela firmou a marca de que o Papai Noel chegava em Canela e morava por aqui durante os meses de novembro e dezembro.
Quando se trata de Sonho de Natal, eu sempre digo que não precisa inventar nada, basta recorrer às edições anteriores e teremos milhares de ideias que, se colocadas em prática, farão um belíssimo evento. Vejam, são 36 edições. Seria até difícil usar todas as ideias boas.
Cada um tem sua edição preferida. A minha é a de 1999, tem quem prefira a de 1996.
Das mais recentes, gosto das de 2017 e 2018, mas curtia demais o espetáculo Simplesmente Natal, com os móbiles humanos. Quem não lembra das decorações dos papais-noéis de balão, das árvores de ursinhos e do chuveirinho de luzes da Osvaldo Aranha?
Em 2017, nos 30 anos do Sonho de Natal, produzimos, aqui na Folha, um caderno especial, mostrando a trajetória do nosso maior evento. Este caderno ainda está no ar. Lá no www.portaldafolha.com.br e contém uma síntese bem legal do que foi o Sonho de Natal e de como ele chegou até aqui, podendo ser acessado neste link https://portaldafolha.com.br/2017/11/17/caderno-especial-30-edicoes-sonho-de-natal-17-de-novembro-de-2017/.
Mas, e sempre há um mas em tudo, perdemos muita coisa nestes 36 anos de Sonho.
Perdemos a comissão voluntária que dava um caráter comunitário ao evento. Perdemos a participação empresarial, que hoje assiste e reclama, mas pouco se envolve, seja por diferença política, seja por não ser convidada.
Perdemos o espírito lúdico do Sonho, nosso patrimônio do Natal. Anos atrás, quase perdemos a marca Sonho de Natal. Lembram?
Perdemos a credibilidade, após quem deveria zelar pelo nosso patrimônio turístico e financeiro e, agora, pelo visto, perdemos a competência para fazer o mínimo no Sonho de Natal.
O Sonho acabou? Não, com certeza voltará mais forte em outros anos, como já aconteceu. Já tivemos outros natais tenebrosos, a grande maioria em finais de administrações municipais que não havia a corrida para a reeleição.
Porém, para quem acompanha este evento como eu, no caso há 27 anos, é desanimador vermos que não há força de trabalho para tirar do papel coisas que existem quase que desde sempre.
Pobre Sonho de Natal! Merecia mais, Canela merecia mais. Pedimos para quem tem a caneta que resolva o problema. Sabemos, apesar das negativas, que não vai dar para o dia 10 de novembro, mas, viabilizem para dezembro.