Entra ano e sai ano, a palavra que corre na política é renovação. Sinal de que o que veio antes precisa oxigenação, ideias novas. Mas será isso mesmo?
Na minha opinião, isso acontece por três motivos. O primeiro é que os próprios partidos políticos não deixam que novas lideranças surjam, pois estas podem ocupar o lugar das atuais. Então, ficam sempre os mesmos nomes concorrendo.
O segundo, é que pessoas que não são ligadas à política não querem colocar seus nomes à disposição, seja porque já tem ocupação e uma carreira de sucesso na iniciativa privada, seja porque não acreditam no “sistema”. Assim, os mesmos nomes de sempre seguem ocupando este espaço.
O terceiro, e tenho escrito semanalmente isso, é que vivemos em bolhas e algumas destas bolhas do eleitorado gostam da figura do político tradicional e este segue se elegendo ano após ano. Para fazer uma boa votação nos bairros, um candidato tem que começar este trabalho anos antes da eleição, visitando as comunidades, fazendo trabalho comunitário, sendo conhecido, buscando parcerias e cabos eleitorais.
Já diz o ditado, quem não gosta de política seguirá sendo governado por quem gosta.
Assim, eu tenho dúvida se uma grande parcela da comunidade quer mesmo uma renovação.
E hoje? Quem é renovação?
Vamos voltar até 1996. Vellinho (PDT) venceu a eleição, em coligação com o PSDB. Em 1997, Gilberto Cezar começou a trabalhar na Prefeitura de Canela.
Nesta eleição, é bom que se diga, PP e MDB, na época PPB e PMDB, eram aliados, defendendo a candidatura de Osmar Muller. Vellinho fez 51,42% dos votos, contra 47,36% de Muller.
Em 2000, a carreira foi mais apertada. Vellinho se reelegeu com 7.144 votos, contra 7097 de Cléo Port, do PP. Lembram dessa? 47 votos de diferença!
Vale destacar que nesta eleição o PSDB fez seu primeiro vereador, Edmundo Camargo Pinto, em coligação com quem? Quem? PDT! E seguiu fazendo parte do governo!
Veio 2004 e Cléo venceu a eleição, tendo Constantino Orsolin como principal concorrente. Uma diferença de 291 votos. Nesta o PSDB ficou fora da Câmara, foram três vagas para cada, PDT, PP e PMDB. Mas, Gilberto Cezar concorreu pela primeira vez, fazendo 357 votos. Aqui, o PSDB apoiou Cléo e esteve no Governo durante um tempo.
Em 2008, o fenômeno Constantino (PMDB) chega ao poder. Embalado pelo trabalho comunitário no bairro Canelinha, fez 41,94% dos votos, contra 37,44% de Cléo Port (PP) e 20,62% de Vellinho (PDT). Lembra quem foi candidato a vice do PDT? Gilberto Cezar, pelo PSDB.
Em 2008 foi a primeira eleição como vereador de nomes como Alberi Dias e Luciano Melo.
Veio o Tornado e uma eleição baseada somente nisso, em 2012. Cléo voltou à Prefeitura pelo PP, com 12.101 votos, contra 10.400 de Constantino. Tolão fez 6,74% dos votos pelo PDT.
Em 2012, Gilberto Cezar foi o vereador mais votado e nomes como Alberi Dias, Roberto Danany e Luciano Melo seguiram na Câmara. O PSDB seguiu no Governo Cléo, tendo Jonas Ludwig como secretário. Lembram?
Agora a história fica mais recente. Em 2016, Constantino volta ao poder, tendo Gilberto Cezar como vice. Nomes como Alberi e Luciano Melo seguem eleitos vereadores, mas pela primeira vez aparece Marcelo Savi, se elegendo pelo MDB, e Jerônimo Terra Rolim, pelo PSDB.
Foi a eleição da “Pacificação Política”. Lembrando que o PDT também participou deste governo, assim, como o Republicanos. Aliás, pacificação que levou a dupla Constantino e Gilberto à reeleição, em 2020, com os famosos 80%.
Nesta eleição, de 2020, Marcelo Savi foi o vereador mais votado. Alberi o segundo mais votado e Luciano Melo se elegeu mais uma vez, assim como Jerônimo Terra Rolim, desta vez pelo PDT.
Ainda, em 2020, Vellinho se elege vereador, e aparecem nomes como Alfredo Schaffer e Jefferson de Oliveira.
Veja o leitor que voltei lá em 1996. São 28 anos. 28 ANOS!!!
Agora eu te pergunto: quem é renovação?
Marcelo Savi e Jerônimo Terra Rolim são os nomes que menos aparecem e figuram nos ambientes e cargos políticos nestes anos, mas, porém, todavia e entretanto, seus partidos e seus correligionários, absolutamente todos, já estiveram no poder e se coligaram sucessivamente para a busca ou permanência no poder.
Renovação, até agora, não.
Luciano Melo pode ser o candidato da terceira via
Em um cenário político consolidado e polarizado, em Canela, nem todo mundo simpatiza com os nomes que estão à mesa, Gilberto Cezar, pelo PSDB, e Marcelo Savi, pelo MDB.
Muitos manifestam que gostariam de uma terceira opção de voto. Há ainda os partidos que não fazem parte destes blocos encabeçados, um por PSDB e outro por MDB, que querem fazer parte do cenário eleitoral.
Aí entra o nome do atual secretário de Fazenda e vereador eleito, Luciano Melo. Ele poderia ser o candidato a prefeito por um bloco de partidos de oposição ao MDB.
Os partidos negam, Luciano desconversa… Mas, a possibilidade é tratada nos bastidores políticos. Melo mudou muito ao longo dos últimos anos. Se aproximou de empresários, estudou, aprendeu, mudou o discurso, olhado a matriz econômica por outro viés.
Suas propostas ficaram menos populares, é verdade, se distanciaram do eleitor do bairro, do início de sua carreira política, mas é um dos nomes mais aceitos nos partidos de centro-direita.
Será?
Veja a linha do tempo: