Canela,

9 de outubro de 2024

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EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Juliana Alano

1.1 MAS AFINAL O QUE É O DINHEIRO?

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Caro leitor, em uma sociedade capitalista o dinheiro é associado ao poder, talento e benção. A falta dele é tida como fracasso, fardo e incompetência. O dinheiro afeta o nosso sentido de identidade, ir à falência ou ter sucesso financeiro tem impacto significativo na vida do indivíduo. Está preparado para uma viagem ao passado e saber de onde surgiu o dinheiro?

Imagine que você era um pescador há cinco mil anos. Você era habilidoso, o que resultava em pescarias sempre produtivas. Só que você, eventualmente, cansava de almoçar somente peixe. Para variar o cardápio, você junta uns peixes extras, botava na mochila e trocava por carne vermelha. Se quisesse arroz para acompanhar, fazia outra troca. Quem sabe uma salada? Mais peixes na mochila. Enfim, o trabalho era pescar, carregar os peixes de um lado para o outro e determinar um valor de troca entre os produtos.

Mas alguém pensou em facilitar as coisas, usando o mesmo produto para servir de base nas transações, o primeiro a ser usado foi o boi, pois era fácil (há controvérsias) de levar de um lado para o outro, e depois o sal, que era muito utilizado para conservar alimentos. Os resquícios desta escolha existem até hoje. Por exemplo, a palavra “capital” vem do latim – capita (cabeça), referente ao gado, e “salário” vem de sal.  Porém, o sal e a carne do boi eram produtos perecíveis, então difíceis de acumular. Era preciso pensar em algo mais eficiente. E aí surgiu o metal, maleável, bonitão, raro e fácil de transportar. De início era usado no seu estado natural, depois em barras ou outros objetos. Mais tarde, começou a ser usado com o peso definido, impresso, no formato de moedas e com a marca de quem emitiu, facilitando ainda mais as transações, isso tudo no século VI antes de Cristo.

As moedas eram cunhadas, principalmente, em ouro e prata, que eram metais raros e imunes à corrosão e que carregavam também uma pegada mística. Como essas moedas eram fáceis de transportar e acumular, muitos proprietários delas começaram a guardá-las com ourives. Os ourives, em troca, emitiam recibos desse ouro, e não demorou para que os recibos fossem utilizados como troca também. Para que carregar um monte de moedas de ouro se poderia comprar coisas entregando apenas um recibo de papel?

No fim do século XVII, surgiu o primeiro banco, na Inglaterra, e o procedimento era o mesmo: as pessoas levavam ouro e prata para o banco e recebiam um recibo que garantia a entrega. Esse sistema durou muitos séculos e foi copiado por outros países. Chegou o momento em que o volume de transações ficou tão grande que foram criados os bancos centrais para organizar a bagunça.

E o mundo financeiro seguiu inovando, as transações bancárias foram ficando cada vez mais simples. Surgiram os cheques, os cartões de créditos (inventados pelas companhias de combustível), as transações eletrônicas, o Homebanking, o PayPal, Pix e a cada dia surge uma Fintech (mix de finanças com tecnologia) tentando melhorar a forma como pagamos, controlamos e investimos nosso dinheiro.

Agora é possível transferir dinheiro com dois ou três cliques no celular, um belo progresso para quem estava no início carregando peixes de um lado para o outro. Aqui fica uma a pergunta para você pensar: é de se esperar que no futuro o dinheiro seja totalmente virtual?