Canela,

28 de abril de 2024

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Chico

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Francisco Rocha

Afinal, quem é Canela, hoje? O que quer o canelense? Algumas bolhas acreditam ser mais importantes que outras?

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Eu desisti da pauta do Centro de Feiras

O projeto de Lei 72/2023, que autoriza a venda do Centro de Feiras, vai à votação, provavelmente, na próxima segunda (26) e, provavelmente, será aprovado.

É uma briga perdida, o Governo sabe que parte da população não quer a venda do Centro de Feiras, mas possui a convicção de vender o espaço. Além disso, por ter maioria na Câmara, o Governo sabe que o projeto, desta vez, vai passar.

Todos sabem que esta coluna não é a favor da venda do espaço, mas, nos tópicos a seguir, analiso alguns motivos de como chegamos até aqui e porque desisti desta pauta.

Discussão não é recente

A discussão deste PL não é recente, ela remonta a 2022. Porque só agora a pauta ganhou intensidade? Somente agora surgiram manifestações neste sentido, então, a comunidade contra a venda não se mobilizou, deixou para resolver nos 45 do segundo tempo e não deu.

Falta de uma proposta unificada de quem fala não

Eu escutei diversas ideias por parte de quem defende que a área seja mantida. Todas são ideias maravilhosas, mas nenhuma foi capaz de unificar todos os segmentos.

Ainda, são ideias, não foi apresentado um projeto e dito quem vai operar tal projeto. Tipo, no caso de uma concessão, há interessados? O que deve ser feito no local?

Se for mantido como espaço de eventos, quem vai operar o negócio?

Cada área/segmento olha para o seu assado, gerando vários discursos que discordam com a venda, mas não apontam uma solução unificada.

Ginásio, por exemplo

Tenho defendido a implantação de um ginásio no local. Desde que me manifestei, ouvi diversas opiniões contrárias, de quem acredita que o espaço é muito “nobre” para um ginásio esportivo. Parece que Canela não quer o esporte no Centro.

Tudo bem, mas o que você propõe então para este nobre espaço?

Palanque político

Com a abertura da discussão, não faltou quem utilizou o espaço para tentar se promover politicamente e acreditem, foi a maioria. Quando o Centro de Feiras virou palanque político, quem está aqui de fora começa a desconfiar da sinceridade de quem está se manifestando.

O objetivo é colaborar com o coletivo ou atacar o governo e aproveitar para um início da campanha eleitoral?

Mas afinal, o que quer o canelense?

Eu tenho escrito quase semanalmente neste espaço que o perfil do morador de Canela mudou. É necessário entender isso para entender as bolhas de cada tipo de morador que temos.

Será que o grosso da comunidade, que está nos bairros, está preocupada com a venda do Centro de Feiras?

Qual opinião tem mais relevância? Será que algumas bolhas não estão se sentido mais intelectualizadas e relevantes que outras? Digo isso em razão de esta ser uma decisão política e por ser política este jogo deve ser jogado no campo político, com o perdão da redundância.

Seria muito mais fácil, no futebol, sair carregando a bola com as mãos até o gol. Mas tocar com a mão na bola, no futebol, é falta. Existe um outro esporte em que os atletas saem carregando a bola com as mãos, chama-se handebol.

Se você não gosta da regra do futebol, não jogue. Se você não entender as regras de um cenário político, não vai conseguir vencer.

O que nos mostrou este episódio?

O episódio Centro de Feiras nos mostrou que nossa comunidade continua desunida. A classe empreendera está desunida, com cada um defendendo uma bandeira.

A classe política segue desunida como sempre foi, cada um tentando puxar voto para o seu assado.

A maioria dos moradores continua trabalhando para pagar as contas e nem conseguiu pensar direito sobre o que quer, afinal, toda esta discussão está muito distante da realidade dela.

No fim, venceu a queda de braço quem jogou melhor a regra do jogo, que é político. Como diz o ditado, quem não gosta de política, está condenado a ser governado por quem gosta.

Não sei, ao final, se perdemos todos ou só alguns ganharam, mas que este episódio possa ter nos mostrado que algumas bolhas não são tão fortes e relevantes quanto imaginam e que precisamos conhecer melhor os anseios e o perfil da comunidade canelense.

Como diria São Portaluppi, “é aquilo que eu sempre falo pra vocês”, política é um trabalho diário, não pode começar a ser feito meses antes de uma eleição.