Eu sou adepto do uso de clichês. Gostem ou não, dificilmente deixamos de usar algum no dia a dia. Ontem, resolvi ir à audiência pública com o propósito de debater sobre a venda do Centro de Feiras. Tivemos manifestações dos vereadores presentes e de pessoas da comunidade que quiseram contribuir para o debate. Logo mais, farei um resumo das manifestações importantes. Mas vamos aos representantes do povo. Por ser uma reunião extraordinária, provavelmente alguns tinham seus compromissos e não puderam ou quiseram comparecer. Mas a coincidência foi que quase a totalidade daqueles que são sabidamente a favor não deu as caras. Alberi Dias, Alfredo Schaffer, Roberto Danany, Mana, Jone do Gás e o presidente da casa Jeferson Oliveira não foram ao menos ouvir as manifestações do povo. Ver a casa dos representantes com menos de 50% de quórum me deixou um pouco constrangido, mas não surpreso. Quem conhece um pouco dos bastidores e meandros da política sabe como funcionam certas situações quando se está no comando. Indo para a vida real, se tu sabe que vai ouvir poucas e boas e puder evitar, tu não aparece. É assim que acontece na maioria dos casos. A imagem de ontem foi clara e o recado foi óbvio. Entenda como quiser.
Sobre quem foi
Posicionamentos fortes de Jerônimo, Carmem e Vellinho. Carla Reis também foi clara de que entendeu o recado da população e vai contra o projeto. Emília Fulcher não abriu voto, mas compareceu à audiência mostrando que sabe a importância que o mesmo tem para toda a comunidade de Canela.
Sobre Quem Não Foi
Não me surpreende que Alberi Dias, Roberto Danany e Mana não tenham comparecido. Deveriam ter seus compromissos particulares e o seu compromisso de votar com o governo é claro e manifesto. Apesar de o colunista Márcio Diehl Forti pensar que é por audiências como estas que os vereadores são eleitos, estão no direito deles. Alfredo Schaffer é um caso à parte. Todas as paredes sabem que ele não fica no PSDB, que é contra o projeto. Isso tudo certo; o processo democrático o habilita para ir onde quiser. Mas o público que apostou nele como vereador e homem público é exatamente o interessado neste tipo de debate. A posição dele a favor da venda é sabida e tem o seu embasamento. Mas não comparecer demonstra que vira as costas para boa parte das pessoas que acreditaram nele nas urnas em 2020. Jone está de saída do PDT e teve evento com o seu novo partido, o PSD. Provavelmente estava previamente marcado e ele elegeu a sua prioridade. Em tempo, recebi o convite para prestigiar este evento. Porém, elegi a audiência pública como a minha prioridade. Espero que o edil entenda!
Caso à Parte
Eu elogiei muitas vezes o presidente da Câmara Jeferson Oliveira nos meus espaços. Para mim, foi uma das boas surpresas desta câmara. Mas Jefe teve uma semana muito ruim. Na sessão de segunda-feira, teve um discurso péssimo sobre a questão do recolhimento do lixo e os consequentes alagamentos ocasionados por entupimentos de boca de lobo. Até respeito o desabafo do mesmo, porém foi desproporcional. E o não comparecimento a uma audiência pública deste tamanho do presidente da casa para mim é indesculpável. A sociedade toda tem sim interesse neste projeto e ele, como representante máximo da casa, teria que ter dado as horas. Ou ao menos se posicionado sobre os motivos pelos quais não apareceu.
Sobre a Participação do Público
Gostei demais do que alguns falaram. Lucas Dias foi propositivo e mostrou didaticamente seu ponto de vista sobre a não venda do Centro de Feiras. Tia Onira, apesar de folclórica, falou muitas verdades sobre o descaso do poder público para com os empresários que estão no centro da cidade. Marcelo Dehmer foi explosivo e mostrou que a sua ruptura com o governo atual é realidade. E, por fim, o suplente Caputo fez uma manifestação forte citando claramente dois dos secretários do governo, Savi e Melo. Disse que ambos se mostraram contra a venda do centro mas não irão retomar suas cadeiras na câmara para votarem suas vontades. E daqui de fora eu digo: errado não está.
Por Fim
Todo mundo notou que, se depender da atual composição da Câmara, o PL vai passar. E perto das eleições, fica claro o caminho que a situação vai tomar. O foco dela não está na área central da cidade. Seu trabalho e suas forças serão direcionados para bairros como Leodoro Azevedo, Canelinha, São Lucas, Santa Marta e Vila Dante. Lá eles têm muito menos rejeição e seu trabalho aparece. E em se tratando de corrida política, isso conta muitos pontos.
