Canela,

27 de abril de 2024

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Cabelo

OPINIÃO FORTI

Márcio Diehl Forti

Os Nichos e o seu Público-Alvo

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Ainda não chegamos no capítulo final da novela Centro de Feiras. Não sei se vai ser vendido, permutado, se vai ficar abandonado, se vai virar ginásio, se alguma empresa vai assumir a área, mas digo minha impressão do momento. Ninguém sai vencedor deste debate. Alguns podem sair no máximo fortalecidos, mas, infelizmente, todos perdemos um pouco.

Perdemos enquanto sociedade ao não debatermos de forma madura e propositiva de verdade sobre qual o melhor uso pelo espaço. Perde a classe parlamentar em quase sua totalidade por deixar o Centro de Feiras chegar a esse ponto, quando ele está largado há anos e nenhum bom projeto foi defendido. Perde o poder público ao querer enfiar goela abaixo de todos uma venda que não se sustenta pelos motivos colocados.

Aos que vão falar dos artesãos e do pessoal que produz e vende orgânicos no anexo do centro: Digo que eles merecem muito mais. Estão ali porque também se defendem como podem. Garanto que eles também poderiam sair vencedores com um projeto interessante e que contemplasse tudo o que realmente necessitam.

Há quanto tempo se discute o Parque do Palácio? O que de efeito ele causa hoje na nossa sociedade? Trago ele para a discussão porque o debate é interligado. Hoje se defende a não venda do Centro de Feiras, ontem a natureza do Parque e amanhã podem ser as ruínas do Cassino. Projeto bom e viável dificilmente vemos.

O Chico pode ter trazido à tona que agora finalmente vemos a turma dos esportes sendo ao menos citada. Enquanto isso, eu leio na ZH que o Tesourinha (que também estava largado) em Porto Alegre recebe uma reforma de dezesseis milhões de reais com dinheiro vindo de Brasília. Por que? Provavelmente porque foram atrás. Eu vejo seguido gente indo pra Brasília e o que me parece é que vão só pra trazer asfalto. Que é importante, mas não é a única coisa que precisamos, né.

Existem centenas de leis que podem entregar bilhões de reais em investimentos para todas as cidades do país. Para isso, é preciso de projeto e entendimento do que é necessário (documentação, viabilidade e por aí vai). E isso é feito através de pessoas que tenham conhecimento para tanto. Não sei se neste momento temos. Cito o caso da Lei Paulo Gustavo que gerou muita polêmica. O então subsecretário que era o responsável por viabilizar todos os trâmites com o pessoal da Cultura se exonerou. Muita gente acabou sendo indiretamente prejudicada. Por isso, a importância do servidor de carreira (mas isso é assunto para outra Coluna).

Entrei neste assunto porque acabei acompanhando três sessões seguidas da nossa câmara. E isso me remete às próximas eleições. Provavelmente todo mundo que está ali vai ser candidato. Pode não ser ao mesmo cargo, mas estará participando do pleito. Então, perfeitamente entendível a postura de cada um dos vereadores no momento. Jerônimo precisa seguir sendo combativo, é assim que sempre se postou. Alberi pode continuar tirando de contexto situações que lhe convêm. Seu público-alvo não se importa. Ele pode dizer absurdos como “O pobre não usa o centro de Feiras”, mesmo que a gente saiba que diversos eventos e situações abrangeram todas as classes sociais. Danany pode continuar defendendo o indefensável, ele vai seguir a cartilha que lhe convém. Carla entendeu que precisava refletir sua postura, isso lhe prejudicava. Assim o fez. Jone que já anunciou que vai para nova sigla, começou a se manifestar. Carmen Seibt segue com seu discurso moderado e coerente. Tem os que entram mudos e saem calados (e é até melhor). Tem o Alfredo que se elegeu para um público que estava querendo novidade e acabou sendo mais do mesmo, esquecendo o seu nicho de votos. Velhinho que sempre tem um belo discurso falando dos seus tempos como prefeito. Jefe que até surpreende às vezes indo com ideias diferentes do prefeito que ajudou a eleger. Mas lhes digo. Se sessão da câmara elegesse alguém ficariam muito poucos.

O vereador trabalha para o seu nicho, seu público-alvo. Ele, na maioria das vezes, sabe onde está sua base eleitoral e foca nela. A gente acompanha o debate pensando no bem comum, nas melhorias que podem ser implementadas por um consenso que muitas vezes não pensa em partido ou base governista. Esqueçam. Ali a maioria está por si (e algumas vezes por sua base). É só prestar atenção em debates como os do Centro de Feiras.

Quem sabe algum dia atinjamos a maturidade como sociedade e a classe política faça o mesmo em sua maioria. Mas, por enquanto, duvido muito!