Ideia é que Canela possa receber, inicialmente, três voos regulares semanais de 72 passageiros
É na crise que surgem as oportunidades, já diz uma famosa frase do mundo dos negócios. E foi com a crise causada pelos eventos climáticos no Rio Grande do Sul que a Região das Hortênsias está prestes a tornar uma antiga reivindicação em realidade: contar com um aeroporto regional.
A notícia foi propagada pelo sócio-diretor do Kempinski Laje de Pedra, José Ernesto Marino Neto, o qual conversou com nossa reportagem na tarde desta terça (9). Segundo ele, o Governo do Estado já concordou em devolver a outorga do aeroporto de Canela, que hoje pertence ao Estado, para a União, o qual seria administrado pela Infraero, que realizaria os investimentos necessários para que, o mais breve possível (falasse em 45 dias), voos comerciais, de até 72 passageiros, partam de São Paulo com destino à Canela.
O estágio atual da negociação, ou seja, o que falta para que o Estado reverta a outorga, são algumas condicionantes colocadas pelo Governador Eduardo Leite, que são os investimentos que serão realizados pela Infraero, a partir de assumir o aeroporto de Canela, e os prazos em que eles aconteceriam.
O Estado possui um estudo de que serão necessários cerca de R$ 11,5 milhões em investimentos. Outros estudos apontam até R$ 38 milhões.
Conforme Marino, ele também intermediou conversas e negociações com as operadoras aéreas Latam e Azul, as quais informaram que poderiam operar com três voos comerciais semanais e regulares, partido do São Paulo/SP.
“Tínhamos um estudo que mostrava a viabilidade do aeroporto de Canela para estes voos regulares, mas, até o ano passado, não havia interesse das instituições e seria necessário aporte de dinheiro estatal para iniciar as operações. Com o fechamento do Salgado Filho (aeroporto internacional de Porto Alegre) tudo mudou”, diz José Ernesto.
A Folha já havia pulicado uma matéria, em 12/06, com base no estudo encomendado por Marino.
A expectativa é de que, com a negociação entre Estado e União, em até 45 dias, sendo feitos os investimentos necessários, voos de ATR 72 – 72 passageiros (Latam) e Embraer 170 – 70 passageiros (Azul), já possam pousar em Canela.
As principais benfeitorias seriam o alargamento da pista, de 18m para 30m, estender a pista dos atuais 1260m para 1460m, a construção de um terminal de passageiros e a instalação de equipamentos que permitiram o pouso de aeronaves mesmo com neblina, através de instrumentos.
Marino explica que os voos atuais estão caros pois são poucos. “Tínhamos 23 voos diários de SP ao RS, antes dos eventos climáticos, hoje são apenas três, muito em razão da limitação dos aeroportos de Caxias do Sul e da base aérea de Canoas. Com esta nova estrutura, a tendência é de que os voos aumentem e, consequentemente, fiquem mais acessíveis”.
Outro ponto destacado por José Ernesto é a mudança no perfil do turista da Região, que poderá, em cerca de três horas, embarcar e São Paulo e já estar hospedado em um hotel de Canela e Gramado, em uma estrutura que não será emergencial, mas ficará colaborando com o turismo regional.
“Teremos um aumento na demanda e uma mudança no perfil do turista, atraindo visitantes de São Paulo e outros estados, com poder aquisitivo maior, será um antes e um depois deste aeroporto”, comemora.
Torres
Ainda, a mesma negociação está sendo realizada entre o Governo do Estado e a União, com respeito ao Aeroporto de Torres, o qual poderá receber voos maiores, como Boing 737 (126 passageiros) e Embraer A 320 (150) passageiros.