Canela,

30 de abril de 2025

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Chico

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Francisco Rocha

100 dias é o número dos novos mandatos, porém, mais um dia comum na vida do cidadão

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O poder público é um submarino, pronto para disparar em alguém

A Prefeitura de Canela realiza uma apresentação dos 100 dias de governo, nesta sexta (11), pela manhã, no Cidica.
Recebemos, aqui na redação, diversos comunicados de 100 dias, desde câmaras de vereadores até prefeituras da Região. É de fato um marco. Muito se fala que 90 dias é o ponto de tolerância da comunidade para um novo governo mostrar ao que veio, é a linha que separa o período que a comunidade tem paciência, deste ponto em diante, podem começar as cobranças.
Por outro lado, os novos governantes também pensam desta forma, dizem que é preciso esperar, pois estão arrumando a casa. “São apenas 90 dias”, muitos dizem. E é verdade.
Se para os novos governos é um começo, para a comunidade é repetição de um ciclo que ela está acostumada a viver de quatro em quatro anos. O Município está aí há 80 anos, bem antes disto, Canela já foi vilarejo, distrito e por aí vai, sempre convivendo com governos, todos eles transitórios.
E esta é a delicada equação que envolve o sentimento de quem inicia um mandato e de quem é apenas o contribuinte. Em geral, quem já passou por três ou quatro eleições já escutou todo o tipo de promessa, de candidato a vereador a candidato à prefeito. A grande maioria não se cumpre.
Assim, a grande ferramenta do cidadão, o voto, vai perdendo a importância, vai perdendo o seu valor. No caso da Câmara de Vereadores de Canela, que já passou por três intervenções policiais, tendo como alvo seus nobres edis, vai assistir, a partir de segunda, o clássico “A volta dos que não foram”, estrelando Alberi Dias.
Apesar da grande mudança na fotografia da casa e com os novos vereadores se esforçando para tentar convencer que este é um novo momento do legislativo, o cidadão, do lado de cá do balcão, trabalhando e pagando altos impostos para manter a pesada e custosa máquina pública, chega à conclusão de que 100 dias são suficientes para mostrar que pouco muda no ambiente político.
E quando a gente usa a palavra “sistema” para definir os meandros do poder público, em qualquer esfera, fica parecendo teoria da conspiração. Mas, olhando atentamente, não há como não chegar à conclusão de que é um sistema, que se protege e existe para se perpetuar, antes de mais nada. Se der, entregam alguma política pública.
O Estado, o poder público, é igual um submarino, de vez em quando até boia, mas foi feito para andar submerso e, de vez em quando, ainda lança um torpedo para afundar o barco de alguém.
Resta torcer que, neste ciclo, os novos eleitos acertem. Eu sigo ansioso pelos anúncios que a Prefeitura de Canela pode fazer em seu evento de 100 dias de governo.
Foto: Imagem criada por IA