O Seu João, da lancheria ao lado do hospital, vai se aposentar. Quase toda a cidade já fez um lanche ou tomou um café no bar dele. As meninas que o ajudam desde a manhã até o final do dia deverão continuar, mas ele e sua esposa, que por anos comandaram a cozinha, vão descansar merecidamente. Agora, novos donos se preparam para a missão de conduzir um negócio consagrado pela simplicidade, bom atendimento e qualidade. Não é fácil, mas é possível, e desejo sucesso a eles e muita felicidade ao Seu João.
Feita a minha homenagem, fico imaginando se, em algum momento, o João pensou em usar algum parceiro para “panfletear” na Igreja ou na Felisberto Soares. Acredito que não. Os predicados que citei no primeiro parágrafo funcionam muito melhor do que qualquer papel entregue ou abordagem prometendo vantagens que, muitas vezes, nem são cumpridas. Cito o João, mas poderia citar o Garagem do Sandrinho, o Sabor de Mel com seu xis espetacular, a Forneria 847 e suas pizzas incríveis, além dos guris do Xerox, que têm o consagrado bifinho.
Nunca vi nenhum deles usar esses meios, e todos têm um movimento incrível no dia a dia. Mesmo não estando nos lugares de maior fluxo, o modelo de negócios deles se sustenta. Alguns comerciantes disseram que, se não fizerem esse tipo de abordagem, o movimento deles cai demais, e ainda afirmam que todos deveriam fazer o mesmo. Eu acredito mais no estilo dos restaurantes que citei nominalmente do que nessa queixa, que se perde por terra quando vemos que Canela tem centenas de restaurantes e nem um décimo deles adota essa estratégia. Já diria um amigo meu: “Algo de errado não está certo.”
Tomara que o projeto de lei do vereador Lucas Dias enquadre muito bem situações como essa, da abordagem que tanto afeta quem nos visita. O tratamento correto aos turistas e moradores é o melhor caminho para o aumento do nosso fluxo, e não essa forma ostensiva de tentar vender um estabelecimento ou uma cota de time share.
Na sessão da última terça, tivemos diversas manifestações, algumas contra e outras a favor da lei. Que se chegue a um bom termo, pois, do jeito que a coisa anda, a tendência é a nossa Igreja ficar cada dia mais cheia—só que de abordadores. O turista, ah, o turista… Esse, daqui a uns dias, vai parar de aparecer, e, desta vez, a crise financeira poderá não ser o principal motivo.
O Lado Ruim do Parque do Lago
É legal ver o Parque do Lago em dias de sol. Pessoas se exercitando, pais brincando com filhos, jovens praticando esportes em um ambiente que, se não está 100% estruturado e pode melhorar, ao menos é aprazível para a população durante o dia. O problema é que existem dois lados do Parque do Lago, e não estou falando de forma geométrica. Quando anoitece, principalmente aos finais de semana, a coisa muda de figura: som alto, turmas que se sentem no direito de gritar, deixar lixo e dejetos no passeio público, e outras coisas que prefiro não publicar. Os moradores da região cansam de reclamar; estão exaustos e assustados.
Passei por isso em um dos lugares onde morei, quando havia um posto que tentou abrir 24 horas. Por situações como essas, os proprietários, infelizmente, desistiram do horário. Agora, em um espaço público, não há como fazer isso. É triste ver a falta de educação e o desrespeito ao senso comum sendo expostos de forma cruel em diversas noites naquele local. Que se resolva e que se puna quem infringe as leis e afronta o poder público. Do jeito que está, não dá mais.