Canela,

11 de julho de 2025

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Humanos e pets: um convívio em transformação

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Médico-veterinário alerta para excessos prejudiciais ao relacionamento sadio

            O convívio entre os humanos e seus animais de estimação está passando por transformações, na avaliação do médico-veterinário Victor Casola. Essa mudança de comportamento, fenômeno relativamente recente no Brasil, ocorre em paralelo à nova realidade demográfica, de núcleos familiares mais enxutos ou sem descendência, em que com frequência um pet acaba ocupando esse espaço. “Não faço diferença entre vida humana e animal”, diz ele, “pois todas as vidas merecem cuidados e respeito”. “Mas é preciso estar atento aos excessos”, complementa.

            Suas observações foram apresentadas em diálogo aberto ao público, com os psicólogos Marco Aurélio Alves e Camila Heidrich, na noite da última quarta-feira, dentro do Projeto Narrativas. O médico-veterinário aponta entre os excessos a humanização das mascotes, apontada por Alves como uma possível substituição da afetividade, tendo por consequência o isolamento social. “Comportamentos excessivos são prejudiciais. Pet não é gente, é animal. E animal tem que se relacionar com outros animais”, argumenta Casola.

Casola lembra que até alguns anos atrás, os animais de estimação costumavam ficar nos pátios residenciais, “infelizmente alguns até acorrentados”, e que hoje dividem os espaços com seus tutores. “Nesse processo em transformação, se deve ter consciência de que um pet merece afeto e atenção, com respeito às suas características, mas também que não é um ser humano nem substituto de alguém”.

            Para ele, quem se propõe a ter um animal doméstico precisa avaliar se dispõe de condições físicas e financeiras para mantê-lo e de tempo para atender as necessidades específicas da espécie escolhida. “O tutor precisa responder: até que ponto é amor o que sente por seu animal? Amá-lo significa dar afeto e atenção, mas também cuidar da qualidade de sua vida, com ambiente confortável, vacinação em dia, check up anual. Deixar um pet sozinho o dia inteiro, ignorar o calendário de vacinação e limitar o seu contato com o exterior a uma saidinha rápida por dia é amor ou egoísmo?” – questiona.

            O Projeto Narrativas é uma realização do Instituto da Pessoa e do Psicult (Centro de Humanidades e Habilidades), aberta ao público e gratuita, que conta com o apoio do Fundo Social Sicredi e do Centro Integrado de Desenvolvimento e Inovação de Canela (Cidica). Ocorre semanalmente, sempre no Cidica, a partir das 19h30, com um convidado, numa troca de experiências entre diferentes gerações. O próximo encontro ocorrerá no dia 16 de julho, com a psicóloga gramadense Simone Dinnebier abordando o tema “crenças limitantes” (ideias que alguém tem de si mesmo e/ou dos outros, do tipo “não tenho tempo”, “é tarde para começar”, “os outros são melhores do que eu”).