Canela,

12 de setembro de 2025

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OPINIÃO FORTI

Márcio Diehl Forti

Canela e suas Biografias

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Hoje me deu vontade de conhecer mais a história de alguns nomes que fazem parte do nosso cotidiano. Muitas vezes, não fazemos a mínima ideia de quem são, ou do que fizeram, algumas personalidades que dão nome às nossas ruas. Fui pesquisar e vou contar, em breves parágrafos, quem são algumas dessas figuras.

Paul Percy Harris foi um advogado norte-americano nascido em 1868, conhecido por fundar o Rotary Club em 1905, em Chicago. Inspirado pela camaradagem entre comerciantes locais, criou um espaço onde profissionais pudessem transformar relações de trabalho em amizades e colaborar em ações sociais. Sua visão deu origem ao Rotary International, hoje uma das maiores organizações de serviço voluntário do mundo.

Fernando Ferrari nasceu em 1921, no Rio Grande do Sul, e foi um economista e político brasileiro de destaque. Atuou como deputado estadual e federal pelo PTB, sendo o mais votado do país em 1958. Defensor da reforma agrária, elaborou o Estatuto do Trabalhador Rural. Fundou o Movimento Trabalhista Renovador (MTR) e teve uma carreira marcada pela ética e pelo compromisso com causas sociais, até sua morte precoce em 1963.

Santa Teresinha, nascida em 1873 na França, entrou para o Carmelo aos 15 anos com autorização especial do Papa. Viveu uma espiritualidade marcada pela simplicidade e pelo amor profundo a Jesus, oferecendo até os menores gestos como atos de fé. Morreu aos 24 anos de tuberculose, deixando um legado de escritos e orações que a tornaram padroeira das missões e doutora da Igreja.

Tenente João Manoel Correa, filho de João Correa, era intendente de Taquara (o equivalente ao prefeito da época) quando, em 1926, o Campestre de Canella foi elevado a sexto distrito de Taquara. Teria ajudado o pai na solução de problemas na construção da estrada de ferro. Reza a lenda que partiu dele a ideia do “rabicho” da atual Várzea Grande, que fazia o trem manobrar de ré para subir a montanha e seguir seu caminho. Sim, o trem já fazia balé antes de virar atração turística.

Adolfo Seibt era Adolf, mas teve seu nome aportuguesado. Casou-se com Maria Raimann e veio morar no distrito de Canela no final dos anos 1920. Moraram no atual bairro São José, e Adolfo doou o terreno onde hoje está construída a escola que leva seu nome, no bairro Santa Marta. Sempre reconhecido como líder comunitário, um de seus filhos, Edvino, criou o popular Terno de Reis da Família Seibt em 1959 — que durou mais de sessenta anos. Isso sim é legado.

Histórias ricas, interessantes e diversas. Alguns tiveram papel importante de forma global, outros de forma local. Temos visionários, ícones religiosos, políticos e gente que sempre orgulhou seus próximos e suas famílias.

Agora, vamos ao momento em que a homenagem vira ironia. Imagino que um parente do Adolfo não fique muito feliz ao passar pela rua que leva seu nome. A família Correa, uma das mais importantes de Canela, também não deve gostar nada de ver as crateras e problemas que aparecem constantemente na Tenente Manoel Correa.

Os rotarianos, que tanto fazem pela nossa comunidade, talvez nem percebam que o precursor de todo esse trabalho, Paul Harris, está sendo “aclamado” quando trafegar pela rua batizada com seu nome vira uma aventura de pula-pula, cheia de emoções e surpresas desagradáveis.

A história de doação e amor de Santa Teresinha não é exatamente elevada quando se passa por uma rua cheia de falhas e com sérios problemas de trafegabilidade. E Fernando Ferrari… será que ficaria feliz com as irregularidades e alagamentos nos acostamentos que vemos em toda a extensão da sua via? Difícil, não é mesmo.

 A verdade é que entra governo, sai governo, põe casaco, tira casaco, e nada acontece nessas vias. Eu poderia pesquisar mais alguns nomes de ruas, como a Ernesto Dornelles ou a Teixeira Soares. Alguns buracos são tapados, outros brotam como cogumelos em dia de chuva. E assim a comunidade padece, enquanto nada de “concreto”, desculpem as aspas, acontece.

São menos de nove meses deste governo, e ele ainda tem a chance de fazer algo que outros tentaram (vá lá, alguns parece que nem isso) e pouco conseguiram. Tempo há. Mas será que existe um plano? Até agora, pouco se viu.

Agradecimento

Quero agradecer ao jornalista, advogado, historiador e ativista cultural Márcio Cavalli, que prontamente me ajudou com alguns nomes citados nesta coluna. O Márcio, assim como Marcelo Veck, Olmiro dos Reis e tantos outros nomes, merece muito crédito por preservar e compartilhar as memórias riquíssimas da nossa cidade. Que sejam encorajados e incentivados a continuar e ampliar essas ações