O jornalista Francisco Rocha admite um drama pessoal: teve uma recaída — e se arrependeu imediatamente
Olá. Pra você que já me conhece, eu não vou me apresentar. Mas pra quem ainda não me conhece — eu sou o jornalista Francisco Rocha. Sou casado, tenho filhos, sou empresário e, de certa forma, uma pessoa pública nesta cidade.
Hoje eu venho aqui pra confessar, de todo o coração: eu tive uma recaída.
Pois é. Deixei de atender a um pedido da minha família — um pedido repetido, insistente, cheio de amor, mas também de desespero. Eles só queriam que eu não fizesse mais isso… Pra manter o bom convívio em casa. Pra preservar a nossa saúde mental.
Mas, nesta segunda-feira, 10 de novembro, eu escorreguei. Minha filha menor tinha um ensaio de fim de ano. Minha esposa saiu cedo da tarde pra levá-la. Fiquei com a missão nobre de fazer a janta, já que não iríamos transmitir a Série Ouro de Futsal naquela noite.
Em casa, apenas eu, os bichos e minha outra filha, cuidando das tarefas domésticas. E foi aí que tudo começou.
Peguei o celular, abri o YouTube… e cliquei na sessão da Câmara de Vereadores de Canela.
Sim! Esse é um defeito meu. E, como todo mau hábito, ele dá um prazer momentâneo — mas o arrependimento vem logo em seguida. A diferença é que, no caso da Câmara, o efeito é imediato: aumenta a raiva.
Ver o despreparo de algumas pessoas que são pagas com dinheiro público pra te representar é constrangedor. Ver gente que mal consegue formar duas frases com sentido… ou que tenta justificar o injustificável com desculpas que nem um aluno do fundamental teria coragem de usar.
E ali estava eu. O jantar pela metade. A paciência pela metade e a vergonha inteira.
Pra piorar, quando percebi… minha família já estava em casa. Minha esposa, minhas filhas, todos me olhando com uma expressão entre a compaixão e o espanto.
— “Tu não vai falar nada sobre o que tu viu?” — perguntaram.
E eu, envergonhado, respondi: “Tem coisas que não merecem ser comentadas.”
A verdade é que todo canelense já passou por isso
Você talvez não admita em voz alta, mas já deve ter sentido essa sensação:
um misto de vergonha alheia, incredulidade e vontade de mandar currículo pra Gramado.
Porque a realidade é esta: a nossa Câmara tem momentos constrangedores.
E isso não é de hoje, não é de ontem, não é desta legislatura apenas.
É histórico.
A Casa do Povo — o Legislativo — existe para representar a comunidade.
Mas, em geral, e isso não é exclusividade de Canela, os parlamentos viraram lugares onde os “representantes do povo” passam boa parte do tempo defendendo seus próprios interesses e os das siglas às quais são fiéis.
Eu já escrevi isso, mas não custa repetir:
esta legislatura, que se apresentou com o discurso de elevar o debate comunitário, se enredou nos seus próprios problemas.
E, quando finalmente vai ao debate, encerra o raciocínio dentro de uma bolha minúscula, seja ela formada por aliados políticos ou por disputas internas.
Se os vereadores gostam tanto de lembrar que “são autoridades” e que “a Câmara é um poder”, então está mais do que na hora desse poder se mostrar realmente independente — e iniciar um movimento que vá ao encontro dos anseios da população, não dos grupos políticos.
Caso contrário, seguiremos com um parlamento municipal descredibilizado, onde pequenos grupos vivem para defender governos atuais ou passados, como se Canela fosse apenas cenário para suas brigas internas.
PPA e LOA não preveem as secretarias de Esporte e Cultura
Promessa de campanha do governo Gilberto Cezar, as novas Secretarias de Esporte e Cultura simplesmente não aparecem no PPA (Plano Plurianual) nem na LOA (Lei Orçamentária).
Sumiram. Não existem no papel.
E não que novas secretarias fossem resolver magicamente os problemas — porque não iriam.
Mas criariam representatividade, “estofo”, força política dentro da estrutura pública.
Por outro lado, basta ver o futuro orçamentário:
se áreas consolidadas, como a Assistência Social, já apontam redução de recursos nos próximos anos, talvez até seja mais prudente que Esporte e Cultura não virem secretaria agora.
Porque, sem dinheiro para executar nada novo, criar uma secretaria serviria apenas para aumentar gasto com cargos de alto escalão — secretário, adjunto, diretores.
E isso significaria tirar ainda mais do que realmente importa:
palcos, quadras, projetos e pessoas.
Transformar pastas fragilizadas em secretarias sem orçamento seria só trocar investimento por medalhões.
E medalhão, como conhecemos bem em Canela, costuma custar muito — e entregar pouco.