Caro leitor, quero trazer um ponto pouco discutido, mas que consome tempo, energia e paciência dos empresários todos os dias: lidar com notas fiscais. Em muitas cidades que não investem em tecnologia, processos que deveriam ser simples — como emitir notas, homologar o sistema ou até importar notas tomadas — se transformam em um verdadeiro calvário. Sistema que cai, portal que trava, arquivos que não carregam, integrações que não funcionam, e no fim, quem paga a conta é o empreendedor.
E antes mesmo de emitir a primeira nota, muitos ainda enfrentam outro gargalo: a morosidade da homologação. Um processo que deveria ser rápido e objetivo se arrasta por dias, semanas ou até meses. Documentos solicitados repetidamente, análises demoradas, falta de padronização e ausência de comunicação clara. Enquanto isso, o negócio já está funcionando, mas impedido de faturar legalmente. É como estar pronto para caminhar, mas preso a uma porta que só o sistema público tem a chave — e que nem sempre funciona.
Mas o problema não acaba na emissão. Cada vez mais empresas sofrem com outro ponto crítico: a importação das notas tomadas. Algo tão básico quanto baixar ou integrar notas de fornecedores vira um desafio. Arquivos XML que não abrem, plataformas que não atualizam, consultas que dão erro e ferramentas que simplesmente não conversam entre si. Sem essa importação, o empreendedor não fecha a contabilidade, não analisa custos, não apura impostos e não consegue manter o financeiro organizado. Ou seja: até para “receber” informações fiscais, o empresário enfrenta barreiras que não deveriam existir.
Tudo isso gera um efeito dominó: atraso no financeiro, fluxo de caixa comprometido, retrabalho, horas perdidas, mais custo e menos eficiência. É injusto exigir que o empresário seja moderno, digital e competitivo quando o poder público entrega sistemas que funcionam como se ainda estivéssemos há vinte anos atrás.
A verdade é que investir em tecnologia não é luxo para uma prefeitura — é necessidade básica. Cidades que modernizam suas plataformas facilitam a vida de quem empreende, atraem novas empresas, reduzem burocracia e fortalecem sua economia local. Já aquelas que ignoram essa necessidade criam um ambiente hostil para quem tenta trabalhar de forma correta.
Porque, no fim das contas, o empreendedor não precisa de favores: precisa de sistemas que funcionem. E enquanto isso não acontecer, o progresso das cidades continuará sendo travado não pela falta de vontade, mas pela falta de tecnologia.