Câmara de Vereadores não invoca mais as graças de Deus
Neste ano, ainda não havia conseguido assistir uma sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Canela desde o seu início. Chamou-me a atenção nesta, desta semana, que o presidente Caputo não abriu a reunião com a frase: “invocando as graças de Deus, declaro abertos os trabalhos desta sessão ordinária”. Ele disse “com amparo na Constituição Federal, na Constituição Estadual, na Lei Orgânica Municipal e o Regimento Interno da Câmara Municipal de Vereadores de Canela, declaro abertos os trabalhos”.
Fui olhar as gravações e vi que todas as sessões ordinárias deste ano começaram desta forma. Sabe o que isso significa? Nada, absolutamente nada, mas achei curioso, pois, desde que me lembro de ter ido a uma sessão da Câmara, era assim que elas iniciavam.
Motocross vai lutar para permanência da pista no Banhado Grande
Com as graças de Deus ou com o amparo da Constituição, os vereadores ouviram Adenilson Ceconi, do motoclube de Canela, falar na Tribuna do Povo, sobre a situação enfrentada por quem pratica este esporte no Município e quem se esforçou para fazer da pista, no Banhado Grande, uma das melhores do Estado.
Ele explicou como funciona o esporte, quem pratica e as diversas ações esportivas e sociais desenvolvidas pelo motoclube em Canela. Lembrou dos eventos climáticos, quando os praticantes de motocross foram os primeiros a alcançar moradores isolados, levando apoio, medicamentos e mantimentos.
“Desenhou” todo o investimento de recursos, financeiros e humanos, públicos e privados, empregados na estruturação do local e pediu ajuda aos vereadores para uma solução sobre a decisão que acaba, quase que permanentemente, com a prática do esporte em Canela, em um local adequado.
Segundo Meio Ambiente, pista deve sair do Banhado Grande
Este colunista conversou com o secretário Carlos Frozi, por quem tenho tremenda admiração e respeito. Ouvi suas razões e preocupações e entendi. Mas, na minha opinião, é uma convicção do secretário, sobre o tipo de ocupação que deve ter aquela área, mais que uma questão ambiental ou legal, imexível, imutável, inegociável.
Frozi argumenta que a área foi comprada para ser um aterro sanitário e não um local de prática de esportes. Ok! Lindo, mas fazem 14 anos que o motocross cuida do espaço.
Se há lá um impacto ambiental, ele aconteceu antes do motocross. Se o objeto era um aterro, essa atividade perdeu sua importância faz tempo. Duvido que o esporte impacte mais a área do que voltar a colocar resíduos, seja lá qual for o tipo.
Além disso, lá existe o Cempra. Quer dizer que o canil pode, as motos não?
Acreditar que em todo o Município de Canela só existe a área do Banhado Grande que possa receber o lixo verde é quase uma ofensa para quem tem dois neurônios conectados.
Não podemos nos acastelar e não escutar a comunidade!
Lembro-me do pronunciamento de Gilberto Tegner, no dia da posse como vice-prefeito. Ele disse que ele e o prefeito Gilberto Cezar não poderiam ficar acastelados em seus cargos, com decisões monocráticas (remetendo à gestão anterior), sendo necessário receber e ouvir a comunidade. E porque não apostar no esporte como ferramenta de transformação, também ambiental, além de social?
Há diversos exemplos de áreas que anteriormente eram lixões ou aterros sanitários e que foram transformadas em espaços públicos e até mesmo complexos esportivos.
A área do atual Parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo, era um antigo lixão e depósito de entulho. Nos anos 1990, a área foi revitalizada e se tornou um dos maiores parques urbanos da cidade, oferecendo ciclovias, quadras esportivas, campos de futebol, pistas de caminhada e espaços para shows e eventos.
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O Fresh Kills Landfill era um dos maiores aterros sanitários do mundo, localizado em Staten Island (EUA). O local está sendo convertido em um parque de 8,9 km², que inclui áreas para esportes, trilhas para caminhada e espaços de lazer. A transformação completa está prevista para 2036.
Para não dizer que não trouxe exemplos locais, temos o Parque Marinha do Brasil , em Porto Alegre. Antes de se tornar um dos principais espaços de lazer e prática esportiva da capital gaúcha, a área do Parque Marinha do Brasil funcionava como um depósito de resíduos e aterro sanitário. Na década de 1970, a Prefeitura de Porto Alegre iniciou um projeto de revitalização do espaço, criando um grande parque público. Hoje, o local conta com campos de futebol, quadras de tênis, pistas de skate, ciclovias e áreas para caminhada, sendo um dos maiores complexos esportivos ao ar livre da cidade.
Havendo vontade política, podemos transformar tudo, lixo em dinheiro e áreas impactadas em locais de convívio social.