Canela,

21 de novembro de 2025

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OPINIÃO FORTI

Márcio Diehl Forti

Vamos falar de “Vôlei”

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Hoje não vou ser repetitivo. Sempre traço paralelos entre o futebol e a nossa aldeia, mas hoje vou mudar um pouco. Vou falar de outro esporte que tem crescido muito em Canela.

Imaginem que o Juventude resolve contratar o maior treinador da história do vôlei para o seu departamento da modalidade feminina. Campeão olímpico tanto no masculino quanto no feminino, com diversos títulos em sua vasta trajetória: um nome acima de qualquer crítica possível acerca da sua contratação. Estou falando de José Roberto Guimarães, para mim, o maior nome do Brasil em todos os tempos.

A torcida do “Papo” enlouquece de alegria. Os fãs do vôlei se empolgam, prometem lotar o ginásio do clube e por aí vai. Na apresentação, no dia 2 de janeiro, euforia. José Roberto promete muito empenho, renovação e afirma que um novo capítulo se iniciará no voleibol feminino do Juventude.

Mas a questão é que o clube, que já teve muitas glórias na modalidade, há muito tempo não faz bonito. O novo presidente, que assumiu recentemente, gerou muitas expectativas entre os sócios durante a campanha, ao prometer uma nova forma de gerir a agremiação. De fato, contratou muitos treinadores novos para diversas modalidades, todos promissores.

Só que o orçamento previsto para o clube não é dos melhores para o vôlei. O futebol masculino e o basquete masculino são as prioridades, e, pelo estatuto, o Juventude tem um percentual elevado de suas receitas comprometido com essas modalidades. Mesmo assim, José Roberto começa com empenho e planeja boas campanhas no Estadual e na Copa do Brasil de vôlei. Na Liga Nacional, promete chegar ao menos às semifinais, promessa corroborada pelos dirigentes do clube.

Quando começa a pôr a mão na massa, os problemas começam a pipocar. O ginásio do clube tem péssima estrutura e será feita apenas uma reforma superficial para a competição. A academia é obsoleta. As contratações indicadas, uma levantadora vinda do vôlei turco e uma meio-de-rede ex-seleção brasileira, que está saindo de um grande clube paulista não puderam ser concretizadas. Para piorar, o departamento jurídico demora muito para dar suporte em relação a um contrato, e o treinador perde a principal jogadora do clube para um time do Rio.

Nos primeiros quatro jogos, três derrotas e pouca competitividade. José Roberto pede uma reunião com a diretoria do Juventude, mas o presidente alega falta de tempo e envia o diretor-executivo, que diz não poder prometer nada neste primeiro ano e que, infelizmente, a situação pode piorar. Cansado e vislumbrando mais dificuldades, José Roberto Guimarães deixa o Juventude. Quem assume é sua auxiliar técnica, Tânia.

Jovem, mas com muita gana, Tânia começa mobilizando o elenco e consegue alguns resultados interessantes. Porém, o entusiasmo inicial começa a se esvair. Olhando para frente, ela também entende que o futuro não é dos melhores: o elenco é enxuto para uma temporada longa e a estrutura continua precária. Tânia também pede para sair.

O presidente olha para dentro do clube e vê outras opções. Algumas experientes, outras com grande potencial de crescimento. Vai escolher qual? Isso, no momento, não importa. Provavelmente será algo paliativo. Sem estrutura, sem investimento e sem planejamento a longo prazo, o próximo treinador pode ser o melhor do país ou alguém emergente, a tendência é não dar certo.

A torcida do Juventude acaba olhando para o multicampeão Caxias, seu vizinho, e reclama. Acha um absurdo um clube que está a apenas sete quilômetros de distância fazer tanto sucesso enquanto o time alviverde parece ter parado no tempo. O que os torcedores ainda não entenderam é que o Caxias nem precisa ser mirado: ele já está anos-luz à frente. É bom entenderem que, antes de chegar perto do Caxias, o Juventude precisa retomar espaço frente aos emergentes Esportivo, Veranópolis, Pelotas e Ypiranga de Erechim, que aproveitaram a brecha deixada pela falta de organização e planejamento do Juventude nos últimos 15 anos e passaram à frente. Tarefa difícil essa que o time de Caxias do Sul tem pela frente, né?

Este é um texto fictício e em nada se assemelha ao que acontece no turismo da cidade de Canela no período citado no parágrafo acima. Tirando José Roberto Guimarães, todo o resto foi inventado pela cabeça deste colunista. Bom feriado!