Canela,

22 de abril de 2024

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Chico

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Francisco Rocha

Ciência, pra que te quero?

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Na última terça, publiquei uma coluna no Portal da Folha, na qual, comparei o Governador do RS, Eduardo Leite (PSDB), com uma criança brincando com sua fazendinha de formigas.

O texto foi forte, como forte deve ser o posicionamento de quem se propõe a ser colunista de opinião. Caso contrário, poderia publicar um poema de autoajuda com #fiqueemcasa no final.

A publicação aconteceu antes mesmo do pronunciamento de Leite, sob a revisão das classificações das regiões do Estado.

Uma enxurrada de comentários permeou o post nas redes sociais, muitos contrários, o que é do jogo da democracia.

Logo em seguida, o Governador foi para o Facebook e anunciou a revisão nas bandeiras, devolvendo a bandeira laranja para as regiões de Santa Maria e Missões e mantendo Serra e Fronteira na bandeira vermelha.

À noite, o deputado federal Marcel Van Hatten (Novo), afirmou que o Rio Grande do Sul está sendo governado por uma planilha de Excel, uma vez que Leite não usa a prerrogativa do cargo, de interpretar estes dados, aliados à realidade de cada região, para uma decisão sobre as restrições, apenas aplica o que a planilha diz.

Em minha coluna de terça (16), eu disse algo parecido, você não pode usar o teorema de Pitágoras para calcular a área do círculo, por mais científica e exata que seja a fórmula matemática, ela se aplica a outra coisa.

Mas, ainda na tarde de terça, Leite fez algumas mudanças, desceu de seu pedestal e mudou o plano de Distanciamento Controlado, abrindo um prazo para questionamento dos dados e dando um tempo para as cidades se adequarem à mudanças.

Também mudou a classificação de duas regiões, o que nos leva a dois raciocínios.

Primeiro, os dados estavam realmente errados e, quando questionados pelos prefeitos, foram alterados, mostrando que a ciência usada como bandeira por Leite não é tão exata assim.

Segundo, os dados estavam corretos, mas, por pressão política, o governador recuou.

Em qualquer um dos casos, e você pode ficar à vontade para escolher, se mostra que o Modelo de Distanciamento Controlado do Governo do Estado não é a ciência definitiva para combate ao coronavírus em terras gaúchas.

Por fim, restam as perguntas:

Há algum motivo político por detrás das atitudes do Governo do Estado, que não estão claras para a população?

Falta preparo ao Governo do Estado para lidar com esta crise e ele se esconde atrás da planilha, esfregando a ciência na cara das pessoas, como motivo para falta de políticas públicas menos teóricas e mais efetivas?

Falta humildade ao governador, em admitir que não é, ele, o oráculo do combate à pandemia no Estado e no país, e que lhe faltam pernas e recursos para resolver os problemas que o Estado já tinha e que foram ampliados com a epidemia?

E, por fim, estão corretas todas as questões acima?

Vale lembrar que, em época de campanha, foi Eduardo Leite que usou a expressão “tirar a bunda da cadeira e trabalhar”.

Seven

Sete dias, deve ser o tempo em que a Serra vai ficar com este “semi lockdown”. Tempo suficiente para muitos trabalhadores serem demitidos, empresas encerrarem atividades e pessoas passarem dificuldades.

Três meses

Amanhã, 20 de junho, completam-se três meses de quarentena na Região das Hortênsias.

Vale lembrar que o motivo da quarentena era dar tempo para o sistema de saúde se preparar para casos graves de Covid-19.

Vale lembrar também, que o percentual de recursos enviados para Canela pelo Governo do Estado, especificamente para combate à pandemia, não ultrapassa duas casas decimais.
Aí, fica fácil falar.