Canela,

27 de abril de 2024

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Leo de Abreu

VIRE O MATE

Leo de Abreu

VIRE O MATE – Sina de andejo

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Sina de Andejo é uma música, de Régis Marques do consagrado Grupo Rodeio. Filosofia de Andejo, Andarilho, Changueiro de Vida e Lida… São obras de outros compositores que ganharam a voz de Luiz Marenco em suas apresentações.

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As músicas, canções e poesias sempre serão narradoras da história de onde elas vem. Se conhece muito sobre lugares, pessoas, trabalhos através de músicas. Ainda será um tema desta coluna “o pago em coplas” afinal, o Rio Grande é berço de grandes nomes da composição de vários gêneros musicais e os contos sobre si, se renovam o tempo todo em novas obras lançadas nos palcos de festivais estado a fora.

Algo a se chamar atenção, é sobre como o gaúcho se projeta na imagem de andar e andar. Não que tenhamos a vida nômade presente na formação gaucha (sem acento, três pátrias, certo?). O índio, real dono dos costumes, primeiro sangue da nossa mescla e de quem herdamos muito em personalidade de sul, já tinha raízes fincadas em regiões e terras. É que não ter parada, ser livre ou então ser condenado a viver de sua própria changa (trabalho) foi importante período para o “vagabundo” se tornar o gaúcho. Há quem diga, que aí se fez também o ladrão nessa vida forasteira e não deixa de ser verdade. Rimos, mas como ser ladrão hoje em dia é algo visivelmente de escolhas né?  Tanta informação o tempo todo, tecnologias, e uma bandidagem com o que, 1% que rouba por fome ou sustento? Quem dirá milhões… paramos. Voltamos a tradição.

Por escolha de pensadores e escritores e tantos, andar é quase um consolo poético. Sempre andar. Talvez hoje em dia, o sentido mais literal dessas retratações dos changueadores exista tão somente nos fundões do estado, nos campos a fora onde habita também muitas tradições retratadas nos grandes centros. A questão é que existe a parte real, viva e cruel por aí e uma parte que já se mesclou de maneira tão forte sobre nós que se tornou inspiração no que diz respeito a vida e a seguir em frente. Isso não é um contraponto a ideia romântica de fincar raízes sejam elas quais quer que sejam. Mas sempre seguir. É onde remanesce o ímpeto libertário da bandeira… Vejam uns trechinhos aí que retratam bem:

Frente ao caminho me calo, e o pensamento sofreno
O mundo é muito pequeno, prás patas do meu cavalo
Nesta jornada terrena, aprende muito quem anda
Sempre que a alma se agranda a estrada fica pequena (Filosofia de Andejo, da voz de Luiz Marenco)

E cantarei
Meu canto alerta, terra e fogo, changueador também
Com a certeza que na vida nada nem ninguém,
Há de domar o potro xucro que escarceia em mim (Changueiro de Vida e Lida, de Adair de Freitas)

Quem vira mundo não para,
Nem tampouco desanima,
Há uma lei que vem de cima,
Na estrada do tapejara:
O tempo que nos separa,
É o que mais nos aproxima,
Quem vira mundo não para,
Nem tampouco desanima…(Querencia, Tempo e Ausencia, de Jaime Caetano Braun)

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