Canela,

16 de outubro de 2025

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Chico

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Francisco Rocha

“Habemus Somnium Natalis” — com ressalvas

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Uma coluna de opinião sobre o que foi mostrado (e o que ainda falta) no Sonho de Natal 2025

Antes que alguém leia de viés: esta não é uma coluna contra o Sonho de Natal. Muito pelo contrário. Gostei do que vi na apresentação da secretária Kenia Jaeger aos sócios da ACIC, nesta quarta (15). Se você ainda não leu a matéria com o resumo da reunião, vale a leitura.

Kenia encerrou visivelmente emocionada. Depois, resumiu em uma frase o espírito do que está tentando fazer: “fazer errado é fácil; difícil é sustentar o processo correto.” Ao longo da apresentação, foi transparente: mostrou novos patrocinadores e confirmou a captação pelas duas leis de incentivo — Rouanet (federal) e LIC (estadual). Ponto para a gestão Gilberto Cezar.
Isso é resgate”, disse, voltando à tela com as marcas. “Vale uma foto”, provocou.

Decoração

O projeto de decoração foi apresentado com detalhamento técnico e conceitual. Se sair do papel como planejado, será uma das melhores dos últimos anos: entradas da cidade qualificadas, eixos centrais com linguagem coesa e elementos exclusivos. É o início de um novo acervo a ser construído até os 40 anos do evento, em 2027.

Casa de Pedra e Multipalco

Outra boa notícia: Casa de Pedra e Multipalco ganham protagonismo. A valorização do espaço dos artesãos e a criação de um coreto para apresentações locais são ótimas sacadas — com financiamento via Fundo Municipal de Cultura. É curadoria, identidade e pertencimento.

As ressalvas

Nem tudo estava “fechado” na reunião. Grandes espetáculos como Christmas in Concert, Som do Vento e Celebration podem acontecer — a confirmação ficou para a coletiva da próxima semana. É compreensível, mas mantém incertezas no ar a esta altura do calendário.

A descida do Papai Noel

Kenia disse que “na semana que vem a emoção vai ser maior”, numa clara referência à tentativa de construção jurídica para viabilizar a Chegada/Descida do Papai Noel na fachada da Catedral de Pedra, hoje com uso de fachada em exclusividade por uma empresa privada.

A confusão é grande

Resumindo o nó:

  • A Igreja (Mitra de Novo Hamburgo) é dona do templo e concedeu exclusividade a uma empresa para exploração da fachada.
  • A projeção depende de uma “casinha” de equipamentos, propriedade de Elias da Rosa, instalada em espaço públicosem autorização legal formalizada.
  • Município, empresa e proprietário não chegaram a acordo financeiro.
    Resultado: a peça-chave do imaginário coletivo do evento está sub judice de interesses privados, às vésperas do Sonho.
Em verde, a casa de projeções

Sonho sem a Chegada do Papai Noel não é Sonho

É opinião. Sem duendes e Papai Noel descendo da torre, o Sonho de Natal fica incompleto. Falta algo essencial — memória afetiva. O rito que nos trouxe até aqui.

É preciso ter coragem

Não sei qual solução jurídica a Prefeitura está lapidando. Não consegui falar com a secretária após a apresentação. Se eu fosse o prefeito e não houvesse acordo, tomaria uma decisão mais drástica.
O turismo é a mola da nossa economia. O Sonho de Natal é o maior evento do Município. E a descida do Papai Noel, a maior atraçãohá 37 anos ininterruptos.
Se isso não é interesse público de primeira grandeza, o que seria?

A caneta e o interesse público

Não sei qual a construção jurídica que a Prefeitura está fazendo, não consegui conversar com a secretária Kenia, após a apresentação, mas, fosse eu o prefeito, caso realmente os envolvidos não entrem em acordo, partiria para uma solução mais drástica.

O turismo é a mola propulsora de nossa economia, o Sonho de Natal é o maior evento do Município e a descida do Papai Noel é a maior atração do evento, fazendo parte da cultura local e acontecendo há 37 anos ininterruptos.

Nada pode caracterizar mais o interesse público e comunitário. Desta forma, basta o prefeito Gilberto Cezar usar as maiores armas de um representante da comunidade: a coragem e a caneta, decretando a Ocupação Temporária destes espaços e bens durante o Sonho de Natal e, após, devolvendo aos seus proprietários o que é de direito para que se resolvam com o tempo e a forma que acharem mais adequados.

O Sonho por inteiro

Em síntese:boas ideias, patrocínios retomados, curadoria e um plano de acervo. Há, também, lacunas que precisam fechar . Torço pela secretária Kenia e para que a coletiva da próxima semana traga as confirmações e reconcilie o maior símbolo do Sonho com o seu público.
Porque, no fim, Habemus Somnium Natalis — mas o Sonho precisa ser inteiro.