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19 de abril de 2024

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Luiz Antônio Alves: Alcunhas e apelidos

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Em algumas regiões do Brasil é comum apelidar pessoas ou famílias. É também uma alcunha, que é uma versão ou invenção de um nome que se incorpora ao cotidiano na qual a pessoa se torna conhecida. Às vezes alcança uma forma pejorativa e maliciosa, noutras é um jeito carinhoso de tratamento.
Entre casais e familiares próximos surge o Benzinho, Neguinha (que pode ser branca), Docinho, Fofinha, Santinha, Baixinha, Didio, Tonho, Alemoa, Rafa, Duda, Galego, Chico, Zé, Bel ou Zinho, numa fórmula diminutiva ou aumentativa: Zecão, Paulão, Magrão, etc. No entanto, muitas vezes, é uma maneira tendenciosa que causabullying discriminatório. Torna-se perigoso quando não se conhece muito bem o vivente, embora seja conhecido como Jacaré, Ratinho, Pezão, Tico, João Cavalo, Pedro Bó e Zoinho. Diz o ditado popular que é fácil botar e difícil tirar… Sem falar que, às vezes, uma determinada pessoa é conhecida justamente pelo apelido e poucos conhecem o seu verdadeiro nome.
É uma questão cultural com várias interpretações. O apelido, na verdade, também é entendido como o sobrenome de uma linhagem que é utilizado em várias gerações. Existem os pseudônimos que escondem o verdadeiro nome de artistas, jogadores de futebol, escritores e membros de organizações secretas. Utilizei por muito tempo o Tony Bel, numa época de juventude, teatro e poesia.
Alcunha é uma palavra árabe: al-kunya que pode representar a nobreza. E existem sinônimos estranhos para a maioria: antonomásia (Dama de Ferro, Rei do Futebol), cognome (Don Sancho, o povoador); e epíteto (Ruy Barbosa, o Águia de Haia ou Duque de Caxias, o Pacificador).
Os Genealogistas também encontram documentos que citam o apelido que designa uma família inteira conhecida e reconhecida através dos tempos. Os critérios são diversos e a criatividade pode assinalar uma marca registrada que poucos ganham com notoriedade. Em nossa região são conhecidas famílias que adotam o nome do patriarca ou matriarca, mas outras são nomeadas com adjetivos, origem geográfica ou profissão herdada, homenagens sem obedecer a gramática oficial: Os Taquara, Os Paçoquinha, Os Tirivas, Os Iraques, Os Colombo, Os Pruca, Os Pilda, Os Elias, Os Faceiros, Os Lageanos, Os Migico, As Ignácia, Os Theodoro, Os Alexandre, Os Biriva, Os Santeros, Os da Maria Júlia, Os Padeiros e assim por diante.
Lembrando que existem os coletivos que indicam grupo específico ou um povo todo: Serranos, Missioneiros, Pantaneiros, Capixabas, Cariocas, Potiguares, Maragatos, Chimangos e outros mais atuais que não quero criar confusão política. Afinal, o apelido pode ser um chamamento, uma reverência, designação de má ou boa fama, um imperativo de preconceito social, termos caseiros de consideração e apreço, popularidade e de fontes literárias.