Canela,

21 de abril de 2024

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De Prosa e Verso, por Fabiano Hanel: O Fandango e o fandango baile. (Primeiro aparte)

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“A Chimarrita – Balão
Não é para todos dançar
É pra que tem o pé leve, ai meu bem
Pra quem sabe sapatear”
Com estes versinhos da antiga dança fandanguista Chimarrita – Balão, iniciamos nosso tema: Fandango, fandango baile.
Muitos tradicionalistas desconhecem as diferenças entre o Fandango primitivo de origem na Península Ibérica, dançado por homens e o Fandango baile, das danças e cantigas fandangueiras.
No livro Aspectos da Sociabilidade Gaúcha o pesquisador e folcloristas Paixão Côrtes descreve em seu livro em parceria com Barbosa Lessa, a origem do Fandango Sapateado tropeiro.
“Apresenta uma característica maior: a de ser dançado apenas por homens. No Rio Grande do Sul ele de disseminou principalmente da rota dos tropeiros “birivas”, tropeiros de mulas entre o pólo de Cruz Alta – Santo Antonio da Patrulha e o pólo de Sorocaba, e ainda hoje freqüente entre a gente do campo de municípios paulistas como Sorocaba, Tatuí e Itapetininga”.
Dentro do “ciclo tropeirista” a dança do Fandango Sapateado é exclusivamente masculina com figuras determinadas, em solo, duplas ou conjunto, alegre, traduz o ambiente e o homem campestre, habitat natural pastoril; aliado a outros temas do mesmo ciclo como a Chula, Chico do Porrete e a Dança dos Facões.
Ao contrário das demais não são utilizados objetos como “palas, cadeiras, facões, bancos etc., elementos estranhos ao espírito coreográfico específico da dança”. (Paixão Côrtes).
Ao descrever o tema, Paixão Côrtes evidencia a singeleza da dança sem “malabarismos” ou expressões grotescas.
Nas danças intercalam-se sapateios, bate pés, palmeios, figuras e cantorias. Principais vozes de comando do Mestre Dançante: Roda Grande, Tudo Cerra, Redobrando, Palmeio, Todos ao Centro, Sobre-Sí, Olha o Bicho, Cara Volta, Olha o Dois, Martelinho, Martelão, Caçador, Parafuso, Cerra e Pucha, Aribú, Saracura, Redemunho; Outra Vez Que Ainda Não Vi e Arremate Final.
Como podemos perceber a dança do Fandango Sapateado traduz as vivências dos antigos tropeiros, os elementos naturais que faziam parte das suas jornadas, sem exageros e de natural teatralidade.
Ao som rasgado ou ponteado das antigas violas o cantor anunciava a dança com estes versos:
“Morena minha morena
Trabalho tenho passado,
Meu coração tá penando
Meu coração tá penando
Por teu viver apartado”.

No dia 30 de janeiro, comemoramos o dia do Payador, data esta de nascimento do poeta, apresentador de rádio, compositor e payador Jayme Caetano Braun, nascido na Timbaúva, Bossoroca no ano de 1924 é a maior referência do verso crioulo. Sua obra é um legado para todos nós gaúchos, seus versos retratam do mais autêntico universo campeiro as questões universais. Salve mestre!

Neste compasso ao som do bate-pé, palmeio e rosetear de esporas finalizamos o primeiro aparte deste tema.
Mil Gracias!