Canela,

17 de abril de 2024

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Luiz Antônio Alves: O ritmo Bugio nasceu no Juá

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A temática que tenho abordado aqui na Folha de Canela tem cumprido um roteiro que passa pela informação jornalística em crônicas semanais. História, Cultura e Genealogia das Famílias Brasileiras fazem parte de um estudo que realizo há décadas e, vez por outra, encontro membros da minha árvore genealógica na literatura e nas artes.
Uma linhagem, tronco ou ramo familiar pode gerar diversos personagens ilustres, famosos e determinantes na construção de um cenário que é identificado e reconhecido por diversas pessoas, parentes ou não. É o caso dos saudosos Irmãos Bertussi que encanta fãs espalhados em várias regiões do Brasil. E, para alegria minha eles são parentes genealógicos da minha avó paterna, Maria Augusta de Medeiros. A mãe dos Bertussi era Jovelina Medeiros de Siqueira casada com Fioravante Bertussi. Muita gente aqui na Serra Gaúcha se aproxima deles em diversos graus de consanguinidade ou até mesmo por afinidade.
Sou grato e tenho muito orgulho da amizade que minha família teve com o Honeyde, já que ele foi vizinho por muito tempo de meus pais quando residia no Edifício Berenice, na Rua Visconde de Pelotas, em frente ao famoso Edifício Parque do Sol em Caxias do Sul. Depois, ele veio morar bem próximo da minha residência no Bairro Petrópolis. E nossa relação ficou eternamente gravada no livro Honeyde Bertussi – Músicas, festas e bailes (EDUCS, EDIGAL, 2014) quando fui convidado por seus filhos a prefaciar referida obra “post mortem”.
Nas suas lembranças, Honeyde revelou a origem do ritmo do Bugio dando autoria a um antigo gaiteiro do povoado do Juá. Transcrevo o texto que faz parte importante da história da música tradicionalista: “Nesta região, infelizmente eu não conheci o mais famoso e respeitado gaiteiro, que foi um negro criado e que viveu com a família Leitão. Ele tinha um instrumento com muitos recursos: três carreiras, 80 baixos e a armação do teclado de botão na escala cromática e, além de tocar, cantava e dançava. Chamavam-no de Virgílio Leitão, de negro Virgílio e de Virgílio do Juá, por ter nascido e crescido naquela região de São Francisco de Paula. Mais tarde, quando passei a me interessar pelo gênero de música bugio, todos aqueles gaiteiros que tocavam bugio diziam: – Não, tu precisava ter visto o Virgílio tocar; nunca mais ninguém vai tocar como ele; ele sim tocava bugio; o Virgílio do Juá foi o maior, nunca mais vai ter gaiteiro como aquele. Alguns diziam ainda: – Também, criou-se no meio dos bugios naquela mataria imensa coberta de pinheirais…”.
Esta e outras citações sugerem que o Festival Ronco do Bugio que se realiza anualmente em São Chico deveria ter pelo menos um dia dedicado ao Juá e ao Negro Virgílio, por justiça, e se o povo de lá se interessar sobre o assunto.

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