Canela,

20 de abril de 2024

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De Prosa e Verso, por Fabiano Hanel dos Santos: Os índios cavaleiros – Parte I

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O índio torrão terrunho,
Nasceu da divina mistura,
Das águas dos rios e chuvas,
Do vento e sua bravura.

Do fogo para a coivara
Sulcando a terra vermelha
Sementes tornaram-se vida
Tupã deu luz à centelha…

Os mais antigos habitantes do atual território do Rio Grande do Sul não conheciam o gado vacum e o cavalo, o colonizador espanhol. Através do projeto missioneiro realizaram esta introdução, motivo pelo qual muitos historiadores e folcloristas determinam o surgimento deste tipo humano, o gaúcho (gauche), miscigenado entre os silvícolas e os europeus.
Cabe aqui um olhar mais criterioso e analítico: foram os nativos, os pioneiros a manejarem gados e cavalos trazidos ao novo mundo sul-americano.
No livro de Barbosa Lessa “Mão Gaúcha”, ele nos apresenta elementos significativos ao estudo. Entre os diversos grupos indígenas nem todos tornaram-se hábeis cavaleiros.
“Os minuanos, charruas, povos nômades e caçadores, receberam profundo estímulo em suas características a partir do momento em que o gado vacum e cavalar proliferou pelas campanhas de uma e outra margem do rio Uruguai. Tornaram-se excelentes cavaleiros, tiveram o problema da alimentação resolvido à base de carne bovina, participaram ativamente da atividade pastoril e foram eficientes auxiliares dos contrabandistas e exportadores de couro da Colônia do Sacramento, Montevidéu e Rio Grande.”
Os conflitos pela posse do território e gado acirrou a disputa entre hispanos e lusos, dividindo os grupos nativos ; os guaranis das missões mantiveram-se fiéis à Espanha e os índios cavaleiros penderam para o lado luso.
A destreza no cavalgar, a coragem física e um profundo amor à liberdade, foram alguns legados dos güenoas à formação do gauche.”
Este tipo humano, uma espécie de bandoleiro na Terra- de Ninguém, nas lutas entre os reinos ibéricos, quase não tinham lado, vagavam na imensidão das planícies sem lei; eram hábeis cavaleiros, ladrões de gado para o seu alimento e sustento, uma espécie de “PIRATARIA” em terra, homens errantes sem pátria.
Não demora para as convicções políticas com motivações econômicas os moldarem dentro de um novo ambiente, nas regiões do Prata e do Sul do Brasil.
Surge assim um novo tipo de cultura – a introdução do boi e do cavalo revolucionou a cultura güenoa, substitui-se matérias primas e vestimentas.

Tipos de Pelotas – Fonte: http://vivaocharque.com.br/cenarios/pelota.php

Principalmente Os Charruas se adaptaram mais depressa ao uso do couro como ponche e capa (caiapi), como reforço ou substituição às esteiras de suas choças e como meio de aperfeiçoamento de seus equipamentos de montaria”.
Entre as técnicas desenvolvidas pelos índios para a travessia de rios o uso da “PELOTA” foi a uma das mais utilizadas. Esta consistia num couro atado que formava um bolsão, um barco para um homem só, no qual carregava seu uso pessoal; este barco era preso a um cabresto na cauda de um cavalo, que nadando puxava a “pelota” atravessando o rio.