Na noite de ontem (9), o vice-prefeito de Canela, Gilberto Cezar (PSDB), foi informado que a comitiva do Governo Federal que estaria em Canela amanha (11), não virá mais realizar reunião para tratar do Aeroporto das Hortênsias.
Uma série de autoridades, incluindo o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o senador Luis Carlos Heinze. Eles estão na região para visitar a Floresta Nacional de Canela e os Aparados da Serra, em Cambará do Sul, parques que deverão ser concedidos à iniciativa privada.
Heinze foi quem organizou um encontro paralelo que deveria acontecer na quinta (11), em uma brecha da agenda, durante uma reunião-almoço para tratar do Aeroporto das Hortênsias, mas, foi o próprio Heinze quem cancelou a reunião.
Há anos, Canela e Caxias do Sul travam uma queda de braço política sobre qual projeto será prioritário, se o de Vila Oliva, em Caxias, ou Tubiana, em Canela.
Há uma desconfiança de políticos das Hortênsias que o encontro foi cancelado por pressão política da Região dos Vinhedos, uma vez que o senador teria afirmado que uma nova audiência será marcada, podendo acontecer em qualquer uma das duas cidades.
O importante, para Gilberto Cezar, é que o Aeroporto das Hortênsias volte com força à pauta nas esferas estadual e federal, com chances reais de sair do papel.
Canela: sonho antigo
No próximo mês de junho, o projeto do Aeroporto das Hortênsias, em Canela, completa 30 anos. Desde então, passou por diversas fases, até a definição da área atual, na localidade de Tubiana, na Fazenda do Ipê, a qual já teve até mesmo Licença Prévia emitida pela Fepam, após ser desapropriada pelo Município.

Caxias:
problemas e pressão política
A reportagem da Folha conversou com o professor, pesquisador e historiador Luiz Antônio Alves, que há alguns anos se dedicou a estudar o projeto do aeroporto de Vila Oliva. Alves é natural de Canela, mas fixou residência em Caxias do Sul há muitos anos.
Segundo ele, “Caxias
sempre boicotou o aeroporto de Canela que já tem projeto e já fez
as desapropriações necessárias há mais de dez anos e pagas! Algo
que
Caxias ainda não fez”.
“Há alguns anos,
entrei com ação civil pública e denúncia ao MPF condenando o
projeto do aeroporto de Vila Oliva. Vários aspectos foram apontados:
já existe um aeroporto na cidade e que nunca mereceu atenção das
autoridades para ampliação da pista, incluindo a ‘autorização’
de invasões em terrenos públicos em volta. Na Vila Oliva há
agressões expressivas ao meio ambiente e a sítios arqueológicos
existentes em toda a área, não existe projeto provando a
viabilidade técnico-econômica e há projeção de gastos vultosos
que dariam para construir um novo Salgado Filho, além de boatos de
propina para empreendedores que estão ligados a empreiteiras que vem
dilapidando o patrimônio público há muitos nos com
superfaturamento de obras”, diz Alves.
Para o pesquisador, o
projeto escolheu a pior geografia para isto (Vila Oliva), não foram
feitos levantamentos de impacto cultural e ambiental. Também na
época a maioria dos proprietários não queriam se desfazer de suas
áreas, sendo um confisco de terras num momento que se discute o
direito à propriedade privada.
“No final do ano passado
recebi comunicação do MPF que a denúncia foi arquivada por falta
de movimentação nos projetos de construção do aeroporto na Vila
Oliva”, finaliza. “Canela tem uma área disponível e que se não
for a ideal tem como trocar por outra área. Na prática Canela está
muito a frente de Caxias do Sul”.