Canela,

24 de junho de 2025

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Ministro e senador desmarcam reunião sobre aeroporto em Canela

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Área na Tubiana está mais adiantada que Vila Oliva

Na noite de ontem (9), o vice-prefeito de Canela, Gilberto Cezar (PSDB), foi informado que a comitiva do Governo Federal que estaria em Canela amanha (11), não virá mais realizar reunião para tratar do Aeroporto das Hortênsias.

Uma série de autoridades, incluindo o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o senador Luis Carlos Heinze. Eles estão na região para visitar a Floresta Nacional de Canela e os Aparados da Serra, em Cambará do Sul, parques que deverão ser concedidos à iniciativa privada.

Heinze foi quem organizou um encontro paralelo que deveria acontecer na quinta (11), em uma brecha da agenda, durante uma reunião-almoço para tratar do Aeroporto das Hortênsias, mas, foi o próprio Heinze quem cancelou a reunião.

Há anos, Canela e Caxias do Sul travam uma queda de braço política sobre qual projeto será prioritário, se o de Vila Oliva, em Caxias, ou Tubiana, em Canela.

Há uma desconfiança de políticos das Hortênsias que o encontro foi cancelado por pressão política da Região dos Vinhedos, uma vez que o senador teria afirmado que uma nova audiência será marcada, podendo acontecer em qualquer uma das duas cidades.

O importante, para Gilberto Cezar, é que o Aeroporto das Hortênsias volte com força à pauta nas esferas estadual e federal, com chances reais de sair do papel.

Canela: sonho antigo

No próximo mês de junho, o projeto do Aeroporto das Hortênsias, em Canela, completa 30 anos. Desde então, passou por diversas fases, até a definição da área atual, na localidade de Tubiana, na Fazenda do Ipê, a qual já teve até mesmo Licença Prévia emitida pela Fepam, após ser desapropriada pelo Município.

Projeto em Canela utiliza área já impactada com reflorestamento de pinus e possui licença prévia da Fepam


Caxias: problemas e pressão política

A reportagem da Folha conversou com o professor, pesquisador e historiador Luiz Antônio Alves, que há alguns anos se dedicou a estudar o projeto do aeroporto de Vila Oliva. Alves é natural de Canela, mas fixou residência em Caxias do Sul há muitos anos.

Segundo ele, “Caxias sempre boicotou o aeroporto de Canela que já tem projeto e já fez as desapropriações necessárias há mais de dez anos e pagas! Algo que
Caxias ainda não fez”.

“Há alguns anos, entrei com ação civil pública e denúncia ao MPF condenando o projeto do aeroporto de Vila Oliva. Vários aspectos foram apontados: já existe um aeroporto na cidade e que nunca mereceu atenção das autoridades para ampliação da pista, incluindo a ‘autorização’ de invasões em terrenos públicos em volta. Na Vila Oliva há agressões expressivas ao meio ambiente e a sítios arqueológicos existentes em toda a área, não existe projeto provando a viabilidade técnico-econômica e há projeção de gastos vultosos que dariam para construir um novo Salgado Filho, além de boatos de propina para empreendedores que estão ligados a empreiteiras que vem dilapidando o patrimônio público há muitos nos com superfaturamento de obras”, diz Alves.
Para o pesquisador, o projeto escolheu a pior geografia para isto (Vila Oliva), não foram feitos levantamentos de impacto cultural e ambiental. Também na época a maioria dos proprietários não queriam se desfazer de suas áreas, sendo um confisco de terras num momento que se discute o direito à propriedade privada.
“No final do ano passado recebi comunicação do MPF que a denúncia foi arquivada por falta de movimentação nos projetos de construção do aeroporto na Vila Oliva”, finaliza. “Canela tem uma área disponível e que se não for a ideal tem como trocar por outra área. Na prática Canela está muito a frente de Caxias do Sul”.