Sócios do CTG aprovaram negociação da área da sede social e entidade vai de mala e cuia para o Saiqui
Não sei se dá para contar quantos pares de botas foram gastos, quantas teclas de gaita quebradas, quantos namoros começaram e quantos terminaram, nos eventos promovidos ao longo dos 65 anos em que o CTG Querência de Canela esteve sediado na Rua Visconde de Mauá, centro de Canela.
A história da entidade tradicionalista canelense foi construída dentro das paredes de madeira e do telhado de zinco da atual sede social, porém, a falta de interesse das últimas gerações pelos centros de tradições gaúchas, as constantes faltas de recursos que abalaram os CTGs e as más administrações dos últimos anos, no caso do Querência, não apenas deixaram sequelas como impediram melhorias na sede.
A falta de uso também foi por imposição, através de ações judicias vinda de reclamações dos vizinhos pelo barulho dos eventos ali promovidos.
Somando tudo isso, a atual patronagem optou por vender a sede e os sócios concordaram, em assembleia geral, realizada na última segunda (6), por 40 votos contra 5. Assim, o CTG Querência de Canela se bandeia de mala e cuia para o Parque de Rodeios do Saiqui, onde deve sediar todas as suas atividades.
Duas empresas apresentaram proposta, mas a aprovada foi da empresa Topema Corporações. Nela, o CTG terá direito a duas salas comerciais, um apartamento, construídas na área da sede, além de um valor em dinheiro. Tudo deve somar cerca de R$ 3 milhões.
Após pagar alguns processos judicias em que foi condenado, o CTG deve investir em melhorias no Parque do Saiqui e alguns membros da diretoria acreditam que pelo patrimônio que receberá na negociação, nada impede que, no futuro, uma nova sede social seja construída.
Fica a certeza que, diante das dificuldades, a atual patronagem tomou a decisão adequada.
O CTG Querência de Canela é mais que um galpão, é a força de sua comunidade tradicionalista, a qual, tenho certeza, vai continuar a construir uma bonita história, seja onde estiver sediada.
Mas, e sempre há um mas em tudo, já começo a sentir uma ponta de saudade.
A leitora e colaboradora Márcia Nega da Rosa enviou alguns registros de seu acervo pessoal, de seu avô, o Tio Pequeno, um dos fundadores do Querência, iniciando os alicerces da atual sede, em 1962.