Cenair Maicá compôs e cantou os povos missioneiros. Entre tantos versos, estes da música Terra Vermelha, são de especial valor para o reconhecimento histórico do povo Guarani:
“Nasci, livre como o vento Venho de um tempo sem fome
A terra é meu elemento
Tupi-guarani, meu nome.
Venho de um tempo sem fome
A terra é meu elemento
Tupi-guarani, meu nome.
O tiro veio da Espanha,
A lança de Portugal,
Lutei, tombei não morri
Pois nunca morre a verdade,
Esta terra tem um dono que se chama liberdade.”
O projeto missioneiro da Companhia de Jesus foi introduzido no atual território do Rio Grande do Sul e na América do Sul entre outros lugares do mundo pela Espanha. Na época Portugal e Espanha dividiram o mundo pelo Tratado de Tordesilhas, eram em essência, as duas maiores empresas coloniais do mundo.
Entre tantas conseqüências da colonização a catequização foi a mais presente; converter os pagãos ao cristianismo expandindo a fé católica pelo mundo. A Companhia de Jesus utilizou vários símbolos, entre eles a cruz de dois braços como descreve Bazilisso Leite em seu livro “Generalidade das Missões Jesuíticas” em uma das várias interpretações sobre a cruz missioneira:
A cruz foi na antiguidade um instrumento de suplício, composto de duas peças de madeira atravessada uma na outra, e do qual se prendiam, ou se pregavam os criminosos e até inocentes, como foi o doloroso suplício de Jesus Cristo.
Todos no mundo têm sua cruz, que é objeto representativo da cruz de Cristo. É a cruz, a insígnia de várias ordens militares e religiosas.
A “Cruz Missioneira”, não seria uma insígnia da ordem da Companhia de Jesus?…
Não seria um marco que assinalou a vivência da antiga civilização jesuítica? A cruz como peça heráldica, varia muito de forma, dimensões e atributos.
Em todas as pesquisas garimpadas na nossa história das Missões Jesuíticas nenhuma traz ao certo algo sobre a Cruz Missioneira. Não fora encontrado nenhum documento original, jesuítico, que fale sobre a origem e significado dessa cruz de travessa dupla. Ao menos não de modo direto.
Ela está atualmente em frente ao Museu em São Miguel e foi incorporada ao nosso “Patrimônio Histórico, artístico e cultural da humanidade”. Durante muitos anos esta cruz permaneceu em Santo Ângelo e a sua semelhança com a cruz de Lorena e Caravaca, dá-se pelos seus braços duplos, mas a diferença surge a partir de suas extremidades, seja dos braços ou do topo vertical.
O fato é que esta cruz é usada pelas administrações da região das Missões como uma relíquia, oferecida às autoridades que visitam a localidade como “Símbolo Místico das Missões”, uma forma singela, porém de muito valor, representando com destaque, a passagem da Companhia de Jesus naquela região.