Canela,

26 de dezembro de 2024

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De Prosa e Verso por Fabiano Hanel: Leovegildo, o maior dos trovadores

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Esta volteada será de recordações, um aparte da infância, outro da adolescência; tempos diferentes… tempos que sempre trazem boas lembranças.

Minha saudosa avó, analfabeta das letras, mais com sabedoria acumulada pelos longos anos na escola da vida, era fã do Gildo, apreciava as músicas e as histórias que o trovador improvisava, tinha um LP em especial “O desafio do padre e o trovador”, guardo este com carinho, pertenceu a ela. Ao lembrar do Gildo, lembro da minha avó uma das pessoas que mais amei nesta vida, aprendi a gostar porque ouvia com ela.

O Leovegildo José de Freitas foi um homem simples, trabalhou em várias profissões, na maioria usando à força, não tinha estudo, não era letrado, mas recebeu um dom, improvisar, compor e cantar o universo campeiro do pago sulino; gostava da festa, da bebida e da boêmia. Um homem de opiniões fortes, premissa que lhe causou problemas com a polícia. Quando esteve preso recebeu o auxílio dos amigos, como o advogado e tradicionalista Antonio Augusto Fagundes (Nico). Com Teixeirinha dividia o espaço das vendas de discos (LPs), inclusive foram amigos, no início da carreira viajaram e levaram a trova para muitos rincões do estado, Gildo na gaita e o Teixeirinha no violão, esta parceria foi durante os anos 50 e 60, o que se sabe é que o Gildo tinha dúvidas quanto a carreira musical, era um homem rural, seria este um dos motivos de separação da dupla. No final, quem mais ganhou foi o público, pois um começou a “alfinetar” o outro em trovas e músicas.

De certo, entre 1950 e 1965, Gildo e Teixeirinha levaram uma vida de compadres, encarando as provocações como brincadeiras.

Em 1963 em seu Lp “Teixeirinha Interpreta músicas de Amigos”, a música Cobra Sucuri é de autoria do Gildo de Freitas. Por ironia do destino o duelo de versos entre Teixeirinha e Gildo começa com Teixeirinha cantando uma música de autoria do Gildo, que na verdade provocava o Teixeirinha.

Disputas e “alfinetadas” estão em várias canções, como Cobra Sucuri (Gildo), Cobra Jiboia (Teixeirinha), Baile de Respeito (Gildo), Baile de mais Respeito (Teixeirinha).

No improviso Gildo de Freitas foi um mestre, criou um estilo próprio de trova, suas canções são a marca do seu sucesso. Em sua carreira Gildo de Freitas criou um estilo próprio de improviso, hoje conhecido como “Estilo Gildo de Freitas”, incorporado aos concursos e regulamentado pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho.

Foi o precursor da trova, tinha a língua afiada, não refugava bolada, foi cantador popular, até a morte o calar. Para fechar com chave de ouro, neste destino traçado, os dois faleceram no dia 4 de dezembro, Gildo em 1982 e o Teixeirinha em 1985.

Neste mês de junho comemoramos os cem anos de nascimento de Leovegildo José de Freitas “O maior dos trovadores”. 

No tranco das homenagens lembro aos leitores, datas importantes:  Cantor Pedro Ortaça comemora 77 anos no dia 29 de junho.

Um forte quebra-costelas ao mestre da cultura popular Don Pedro Ortaça!

Salve Gildo!