Canela,

18 de abril de 2024

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A origem do Campestre Canella

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Foto: Arquivo Folha - Registro da Emancipação de Canela

Várias versões sobre as origens de Canela já foram contadas e até mesmo registradas em livros e outras publicações. Os primeiros moradores da região foram os índios guaianazes, dos quais ainda se encontram vestígios no Caracol, Banhado Grande e Saiqui.

Não são raras as histórias contadas pelos moradores mais antigos relatando a existência dos guaianazes e dos embates de tropeiros e colonizadores com os nativos. Após os índios, vieram os tropeiros, que utilizavam a região como passagem dos Campos de Cima da Serra para outras colônias.

O local foi escolhido como ponto de encontro e de pernoite pelos tropeiros devido à abundância de água, pasto e lenha, além dos belos capões de mato que ofereciam abrigo e proteção. Foi com os tropeiros que, supostamente, surgiu o nome CANELA, devido a uma frondosa caneleira que existia onde hoje é o centro da cidade, servindo de ponto de referência para os viajantes da época. Até então, estas eram terras sem dono e, de acordo com historiadores, a primeira pessoa que estabeleceu residência em Canela foi Apolinário de Almeida Roriz, um tropeiro vindo da colônia de Vacaria, por volta de 1780. Roriz se estabeleceu na Fazenda Faxinal, que englobava as terras onde atualmente se localiza Canela. Estes campos eram chamados de Campestre Canella.

O primeiro homem a povoar o Campestre Canella foi Joaquim Esteves da Silva, que também foi o primeiro proprietário oficial das terras (em 1821). Já em 1828, nasceu a primeira filha de Esteves, Florência Aurora da Silva. Esteves permaneceu cerca de 20 anos no Canella, tendo sete filhos. Com o falecimento de Esteves, em 1843, as terras do Campestre Canella passaram pelas mãos de várias pessoas, sendo inclusive alvo de disputas judiciais, até que em 1908 o fundador de Canela, João Corrêa Ferreira da Silva, adquiriu o Campestre Canella.

Nos anos seguintes, João Corrêa passou a se dedicar ao seu grande projeto: fazer o trem subir a serra, chegando até Canella.

A estação de trem, na década de 1930

Progresso e desenvolvimento com a chegada do trem

O desejo de se tornar uma cidade turística parece ter sido traçado para Canela desde os seus primeiros moradores. Ao conhecer o Campestre Canella, em 1882, João Corrêa encantou-se com as terras e, por ser um visionário, projetou as possibilidades futuras de toda Região.

A peça principal dos projetos de João Corrêa era a estrada férrea, com uma estação terminal em Canela, que começou a se concretizar em 1903, com a abertura da construção da estrada de ferro Taquara-Canela. Apesar das intenções de desenvolvimento turístico, foi com a extração madeireira que a região progrediu rapidamente.

Em Canela, o desenvolvimento começou no Caracol. Entretanto, não foi com o turismo, mas sim com a industrialização das serrarias movidas pela força da água dos arroios locais.

Fotos: Arquivo Folha – Em 07 de novembro de 1950, primeiro comício do PTB em Canela, pré-candidatura do Gel. Ernesto Dornelles ao Governo do Estado. Ao fundo, a antiga Igreja Matriz e o Ginásio Auxiliadora em Construção

Enquanto Canela se constituía como uma cidade bem formada, com ruas já nominadas conforme os planos de seu fundador, a construção da estrada de ferro continuava através de uma notável obra de engenharia, que traria mais progresso e desenvolvimento para a Região.

Com os esforços de João Corrêa, a Maria Fumaça chegou finalmente a Canela no dia 1º de agosto de 1924. Como planejado, com a chegada do trem, o desenvolvimento acelerou a cidade, surgindo então muitos hotéis e várias casas de comércio. Outras se mudaram do Caracol para o centro devido ao desenvolvimento do local.

O empreendedorismo dos canelenses elevou a localidade a Distrito de Taquara em 1926. Em 1938 tornou-se Vila. Seis anos depois, Canela alcançou sua emancipação, em 28 de dezembro de 1944, graças ao seu grande desenvolvimento e aos esforços dos canelenses.

Foto: Acervo Antônio Olmiro dos Reis/Arquivo Folha – Em 1935, o que é hoje o centro da cidade, com a Praça João Corrêa à esquerda e o que é o largo Benito Urbani à direita. Em primeiro plano, nós de pinho, que eram comercializados e enviados pelo trem

O Momento da Emancipação

Canela deixou de ser Distrito de Taquara e se tornou município. As autoridades se reuniram junto ao busto do fundador, Cel. João Corrêa Ferreira da Silva, na praça que leva o seu nome, para uma justa homenagem.

Na foto, da esquerda para a direita, Ambrósio Maggi, atrás, Audomar Schmitt, Pe. Alberto Hickmann, Nagibe G. da Rosa, Danton Corrêa, Apparício Corrêa, Patrício Zini, Júlio Cezar Corrêa, Domingos Fellipetto, João Manuel Corrêa, Alfredo Spindler, Nelson Schneider (prefeito empossado nessa data, sendo o primeiro prefeito do novo município), Tio Bélio, Alfredo Travi, Basílio Travi, Carlos Corrêa, Dr. Pedro Sander, Rinaldo Dietrich, Archimimo Alves da Silveira e Plínio Soares.

O Dr. Nelson Schneider era funcionário público da prefeitura de Porto Alegre e sua função era organizar prefeituras.

Foto: Francisco Rocha/Arquivo Folha – A Festa da Hortênsia, na época escrita com “c”. O primeiro evento realizado em Canela

Canela foi emancipada em 28 de dezembro de 1944. Na época, a cidade era distrito de Taquara e a exigência para que um distrito pudesse se emancipar era de possuísse no mínimo 300 casas e uma população de 4.000 habitantes. Tais exigências já haviam sido ultrapassadas, pois existiam por aqui mais de 1.000 casas e 9.000 habitantes.

Ainda hoje, Canela é o município mais populoso da região, esse foi o motivo de ser o segundo a se emancipar politicamente, 10 anos antes de Nova Petrópolis e Gramado, perdendo apenas para São Francisco de Paula, que se tornou município em 1903.